
A Polícia Federal estima que garimpeiros extraíram, em apenas sete meses, R$ 245 milhões em ouro ilegal do rio Madeira, entre o sul do Amazonas e o norte de Rondônia.
A operação, realizada de 8 a 19 de setembro, destruiu 277 balsas e dragas usadas no crime. Foi a primeira grande ação coordenada pelo Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI), inaugurado pelo presidente Lula em Manaus.
Tensão em Humaitá
A ofensiva atingiu diretamente Humaitá, cidade que se tornou base do garimpo no Madeira. Parte da população protestou contra a presença da PF, repetindo cenas de anos anteriores, quando agentes do Ibama foram atacados e prédios públicos sofreram depredação. Em 2017, homens armados incendiaram a sede do Ibama, que segue abandonada.
Para evitar a destruição das embarcações, garimpeiros afundaram intencionalmente várias dragas. Ainda assim, a PF queimou nove estruturas de grande porte ancoradas no centro urbano, uma prática antes evitada pelo risco de conflitos.
A polícia avalia que o lucro cessante dos garimpeiros, devido à perda das estruturas e ao tempo de reconstrução, chega a R$ 171,8 milhões.
Muitas dragas de grande porte, verdadeiras plataformas flutuantes com hospedagem e ar-condicionado, voltaram a operar em tempo recorde após ações anteriores, revelando a força econômica do garimpo ilegal e a dificuldade de conter sua expansão.