Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, ele é líder de um grupo criminoso no Amazonas e era procurado pela Interpol

Ex-procurado pela Interpol e líder de uma quadrilha no Amazonas, Wesley Evangelista Lopes, o piloto que foi preso por transportar cerca de 400 quilos de cocaína dentro de um avião, em Penápolis, no interior de São Paulo, em dezembro do ano passado, foi absolvido pela Justiça nessa quarta-feira (4).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Wesley é líder de um grupo criminoso no Amazonas, responsável por fornecer consultoria aeronáutica e pelo transporte aéreo de entorpecentes. Em 2018, ele já tinha um mandado de prisão por tráfico internacional de drogas e foi incluído na lista da Interpol.
Na ocasião, o traficante era proprietário da empresa Meu Cockpit Eireli-ME (Escola de Aviação) e responsável por um hangar no aeroporto de Americana, também no interior de São Paulo. Ele contratava pilotos para o transporte internacional de entorpecentes e consultores para observação dos locais de pouso.
Conforme a polícia, o criminoso já transportou drogas até a Bolívia e havia sido preso no Brasil em outro avião com mais de 400 quilos de cocaína. Além disso, Wesley esteve envolvido em um acidente aéreo no Acre, quando uma aeronave tinha capacidade para transportar duas pessoas, mas levava três, e caiu em um rio.
Em 16 de dezembro do ano passado, Wesley Evangelista Lopes e um passageiro de um avião monomotor foram presos suspeitos de transportarem cerca de 400 quilos de cocaína. Contudo, após decisão da Justiça dessa quarta-feira, de que a prova obtida na abordagem policial foi ilegal, ambos foram absolvidos.
O caso
Wesley e um passageiro de um avião monomotor foram presos no começo da tarde em 16 de dezembro, suspeitos de transportarem cerca de 400 quilos de cocaína.
Segundo a Polícia Militar, o avião saiu do Mato Grosso do Sul, foi interceptado pelo helicóptero Águia e pousou em um aeroporto clandestino na cidade de Penápolis, no interior paulista.
O piloto teria percebido a aproximação do Águia assim que desceu na pista. Ele tentou manobrar o avião e fugir, mas foi impedido pelos policiais militares que estavam no helicóptero Águia.
Durante a abordagem, o piloto foi questionado e confirmou que transportava a droga. A aeronave era proveniente de Aquidauana (MS) e foi apreendida
A PM informou que o piloto não possuía antecedentes criminais e o passageiro possuía passagens por tráfico de drogas e antecedentes por pensão alimentícia.
Ainda de acordo com a polícia, um carro estava nas imediações para fazer o transbordo da cocaína. O motorista abandonou o veículo e fugiu.
Justiça
Segundo o juiz Luciano Silva, da 2ª Vara Federal de Araçatuba, a prova obtida na abordagem policial foi ilegal. “A existência da droga no avião não valida o procedimento de busca forçada no avião; é imprescindível que existisse uma suspeita fundada prévia, justificada, para a própria abordagem”, escreveu.
“A acusação desmereceu a necessidade de comprovar as fundadas suspeitas da busca veicular. Ao confiar na condenação em razão do flagrante, promoveu apenas provas de relevância mínima, trazendo para depoimento testemunhas que apenas presenciaram a apreensão da droga, mas que nada sabiam sobre a origem e o percurso criminoso, ou ainda sobre as diligências prévias realizadas”, disse.
A decisão ainda menciona um ofício da Polícia Federal (PF) elaborado após o flagrante, que não foi considerado como prova válida das investigações anteriores. De acordo com o juiz, o relatório apresentava “tom memorialístico e sem qualquer precisão de datas e horários das diligências”.