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Polícia Federal combate venda de mercúrio pela internet em Manaus

A investigação começou a partir da análise de redes sociais através de funcionalidade para vendas conhecida como marketplace.

A Polícia Federal cumpriu em Manaus nesta sexta-feira (11) um mandado de busca e apreensão contra uma mulher investigada por vender mercúrio na internet. Os agentes foram até a residência dela e apreenderam documentos que serão analisados pelos investigadores.

O objetivo da busca e apreensão, segundo a PF, é “desmantelar um suposto esquema criminoso de venda ilegal de mercúrio líquido por meio da internet”.

Contaminante extremamente perigoso, o mercúrio é usado no garimpo para separar as partículas de ouro das impurezas. No Amazonas, o uso tem contaminado peixes em dois municípios que sofrem com a expansão do garimpo ilegal. Crianças indígenas também foram contaminadas.

De acordo com a Polícia Federal, a mulher oferecia os produtos no marketplace, plataforma de vendas on-line do Facebook.

“Constatou-se que a referida plataforma estava sendo utilizada para anunciar a venda de mercúrio líquido, substância de elevada toxicidade e sujeita a rigoroso controle, utilizada na prática do garimpo ilegal na Amazônia”, afirmou a PF.

Em setembro deste ano, o MPF (Ministério Público Federal) recomendou que o Facebook excluísse anúncios relacionados ao comércio ilegal de mercúrio líquido em sua plataforma, especialmente no marketplace e em grupos utilizados para essa finalidade.

O MPF também requisitou a divulgação da recomendação aos usuários da rede social, com o intuito de ampliar o conhecimento sobre a proibição do comércio de mercúrio.

O MPF apurou que o mercúrio, substância de origem estrangeira e sujeita a rígido controle, tem sido comercializado de forma ilícita para abastecer garimpos ilegais de ouro na Amazônia, com grave risco à saúde pública e ao meio ambiente.

As investigações ocorrem no âmbito de inquérito civil, instaurado para investigar a utilização das redes sociais Facebook e Instagram para o comércio ilegal de mercúrio líquido. Elas revelaram que, embora o Facebook tenha noticiado a remoção dos anúncios da plataforma Marketplace, permanecem ativas as páginas de grupos, perfis de usuários e outros textos especialmente destinados à compra e venda de mercúrio líquido contrabandeado.

No Amazonas, a contaminação pelo mercúrio foi encontrada em 50% dos peixes nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, o que tem relação direta com a expansão dos garimpos ilegais.

Segundo estudo realizado pela Fiocruz, em conjunto com a Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), o Greenpeace, o Iepé (Instituto de Pesquisa e Formação Indígena), o Instituto Socioambiental e o WWF-Brasil, os peixes consumidos pela população em seis estados da Amazônia brasileira tem concentração de mercúrio 21,3% acima do que é permitido.

Além disso, há presença da substância em 56% das mulheres e crianças Yanomami que habitam a região de Maturacá, segundo estudo realizado em 2019 pela Fiocruz.

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