
O contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet, anunciado como o maior do futebol brasileiro, virou alvo de investigação por lavagem de dinheiro, associação criminosa e ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
A apuração é conduzida pela Polícia Civil de São Paulo, com apoio do Ministério Público por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
O foco está na empresa Rede Social Media Design LTDA, responsável por intermediar o acordo entre Corinthians e VaideBet. A empresa recebeu R$ 1,4 milhão de comissão, mas repassou parte do valor à Neoway Soluções Integradas em Serviços LTDA. A sócia da Neoway, Edna Oliveira dos Santos, moradora de Peruíbe (SP), disse à imprensa que desconhece a operação.
Segundo a investigação, a Rede Social Media fez duas transferências para a Neoway: R$ 580 mil e R$ 462 mil. Em março de 2023, a Neoway transferiu cerca de R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que repassou R$ 870 mil à UJ Football Talent Intermediação, suspeita de envolvimento com lavagem de dinheiro para o PCC. A empresa também foi citada em delação premiada pelo empresário Antônio Vinícius Gritzbach.
A movimentação foi descoberta após quebra de sigilo bancário autorizada pela Justiça. A complexidade e o volume dos repasses sem justificativas levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro.
Em nota, o Corinthians afirmou que não tem controle sobre o destino de valores pagos a terceiros e se declarou vítima das circunstâncias. O clube reforçou que cumpre todas as obrigações legais e contratuais e preza pela transparência.
“O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações“, diz nota.
A VaideBet rescindiu o contrato com o Corinthians após a revelação do caso. O acordo previa mais de R$ 370 milhões em três anos e foi encerrado antes de completar cinco meses. O rompimento gerou crise interna no clube e pressão sobre a diretoria.
A investigação continua e pode resultar em novas diligências e depoimentos.