…’mas tem que ver com o governador’ afirmou Arthur Virgílio rede CNN Brasil nesta segunda-feira

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), afirmou à CNN, nesta segunda-feira (28), que gostaria de decretar lockdown na capital do Amazonas por acreditar que a medida pode ajudar a frear uma eventual segunda onda da Covid-19.
“Gostaria de decretar lockdown, mas tem que ver com o governador. É coisa para ele entrar junto. Aceito o lockdown por entender que isso pode matar de vez a ameaça de uma segunda onda, que seria catastrófica. Senão a decretação será desmoralizada por pessoas sem máscara ou que vão simplesmente sair na rua. É preciso cobertura policial para chegar a essa medida”, afirmou.
Segundo Virgílio, o município não detém força policial para fazer valer as medidas e, por isso, sugeriu uma parceria com o governo do Estado. “Propus ao governador que façamos juntos. Pode parecer desagradável, mas estou preocupado em salvar vidas. Sou a favor do lockdown por entender que isso pode, realmente, acabar de vez com essa ameaça de segunda onda, que seria catastrófica”, defendeu.
Virgílio também apontou subnotificação nos registros de mortes pelo novo coronavírus. “Recebo, todos os dias, o relatório de sepultamentos e percebo claramente uma subestimação da Covid-19”, afirmou.
“Há 48 casos e dizem que tem dois de Covid-19. Não é verdade. Doença respiratória grave é Covid-19, pneumonia ou coloquem o nome que for… é Covid-19. E temos que não esconder esses números, porque daqui a pouco precisamos de ajuda, nacional ou internacional, para sair de uma eventual segunda onda e ninguém acredita”, disse o prefeito sem revelar quem está manipulando os números da Covid-19.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) sugeriram que a queda drástica de mortes por Covid-19 em Manaus indicava a imunidade coletiva funcionando, mas também acreditam que os anticorpos da doença após a infecção podem não durar mais do que alguns meses.
Na última sexta-feira (25), o governador do Amazonas, Wilson Lima, decretou uma série de medidas de restritivas, entre elas o fechamento de bares, praias, raves e flutuantes por mais 30 dias, após divulgar que o estado teve alta de 15% nos casos de coranavírus depois do feriadão de 7 de Setembro.
Entre abril e maio, o número de mortes/dia passou de 140 em Manaus e os novos casos dos 1.000. Os hospitais entraram em colapso e os cemitérios não conseguiram cavar covas com a rapidez necessária, sendo necessário o enterro coletivo em trincheiras. Na ocasião, houve uma tentativa de sepultar um corpo sobre o outro, mas familiares se revoltaram com a atitude da prefeitura da cidade.
Houve inclusive tentativa por parte do Ministério Público estadual de exigir um lockdown. O que foi negado pela Justiça do Amazonas. A cidade nunca impôs um lockdown.
O cenário atual na cidade está distante do pico da pandemia, mas exige atenção por conta da taxa de ocupação, que chegou ao nível mínimo de 47% e atualmente passa dos 60% com 310 pacientes internados – 193 em leitos clínicos (68 na rede privada e 125 na rede pública), 114 em UTI (55 na rede privada e 59 na rede pública).
Nesta segunda-feira (28), o boletim epidemilológico da Fundação e Vigilância em Saúde divulgou o registro de 292 novos casos e quatro óbitos nas últimas 24 horas no estado – um quinto foi determinado por exame somente hoje)
Com relação ao número de mortos, de acordo com dados da Prefeitura de Manaus, no último domingo (27), foram registrados 25 sepultamentos e oito deles em casa.
Dados da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), gestora dos cemitérios públicos de Manaus, mostram que durante o mês de agosto foram 77 mortes por Covid-19, de 867 sepultamentos e cremações realizadas; enquanto até o dia 27 deste mês de setembro já são 81, de 795 registros.
Recentemente, o prefeito reforçou medidas de prevenção, para evitar aglomerações, como o fechamento da praia da Ponta Negra, e a intensificação de fiscalizações sanitárias junto ao comércio. O município também passou a utilizar o home office para os seus servidores, além de fechar parques, espaços culturais e de lazer, geridos pela administração municipal. As aulas nas escolas da prefeitura estão suspensas.
O próprio prefeito foi vítima do coronavírus e teve que ser levado às pressas numa UTI aérea para tratamento em São Paulo, após participar da inauguração de um complexo viário na cidade, onde houve aglomeração de pessoas.