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Presidente da Anera avisou sobre PM; nove são indiciados

No inquérito da Polícia Civil além dos responsáveis pelas mortes dos policiais, foi apontado também a existencia de uma organização criminosa com envolvimento no tráfico de drogas, crimes ambientais, homicídios e ameaças contra povos indígenas.

Nove pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil como responsáveis pelos assassinatos dos policiais militares – 3º sargento Manoel Wagner Silva Souza e do cabo Márcio Carlos de Souza -, no Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte (a 134 quilômetros  de Manaus), em agosto deste ano. Outros dois policiais também foram baleados, mas sobreviveram a emboscada.

Para a polícia os PMs foram alvos de traficantes – que tinha como olheiro o presidente da Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis (Anera), Natanael Campos da Silva, vulgo “Natan”, responsável pelas fiscalizações ilegais que ocasionaram a morte dos policiais.

Organização criminosa – Os infratores vão responder por oito diferentes crimes. O presidente da Anera, Natanael Campos da Silva, e os irmãos Valdelice Dias da Silva, vulgo “Bacurau”, e Valcinei Dias da Silva, vulgo “Lapingo”, vão responder pelos crimes de organização criminosa, associação criminosa, duplo homicídio qualificado, duplo homicídio qualificado tentado, usurpação de função pública e extração ilegal de madeira.

Também foram indiciadas por associação criminosa as irmãs Zilma Dias da Silva, Enas Dias da Silva, Maria José Dias da Silva e Gleide da Silva Rodrigues, familiares de Bacurau e Lapingo, e os infratores identificados apenas pelas alcunhas de “Milton” e “Zé Carlos”.

Conduzidas pelo delegado Cícero Túlio, as investigações identificaram a atuação articulada dos suspeitos em diversos crimes ocorridos em comunidades rurais ao longo do rio Abacaxis.

O bando de Bacurau, composto por seus familiares, era conhecido da população pelo envolvimento com o tráfico de drogas, crimes ambientais, homicídios e ameaças contra povos indígenas.

A ligação entre Natanael e Bacurau se dava, principalmente, a partir das abordagens ilegais armadas a embarcações, ocasiões em que o grupo agia com violência.

Foi um desses episódios de truculência, que chegou ao conhecimento das autoridades policiais em Manaus, que levou a polícia a investigar os crimes ocorridos na região.

Domínio de traficantes – Na noite do dia 29 de julho, empresários e pescadores esportivos que navegavam pelo rio Abacaxis foram abordados pela fiscalização ilegal da Anera, na qual o bando criminoso armado proibia a navegação.

Em três barcos, as vítimas foram ameaçadas e expulsas do lugar. Em depoimento, as vítimas disseram que, no dia seguinte, retornaram para negociar a entrada no rio, ocasião em que um dos integrantes do barco foi baleado.

A partir dessa ocorrência, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) determinou o envio de efetivos policiais para apurar os fatos. Enquanto navegavam em busca do local do crime, os policiais foram abordados por Natanael. Em depoimento, os policiais sobreviventes relataram terem ouvido ameaças do presidente da Anera.

Testemunhas disseram, em depoimento, que Natanael informou Bacurau de que os policiais estavam na região em sua procura. Ao retornarem para patrulhamento mais tarde, os militares da COE se dirigiram para a comunidade Santo Antônio do Lira.

Platações de maconha – Segundo a polícia local, Bacurau e seus familiares comandavam o tráfico na localidade e mantinham plantações de maconha. Assim que desembarcaram, os policiais foram atacados pelos criminosos escondidos na mata.

Além do envolvimento de Natanael no ataque a embarcação e no assassinato dos policiais, as investigações encontraram indícios de que o presidente da Anera agia em conjunto com o bando criminoso no desmatamento e extração ilegal de madeira.

Em um desses pontos, inclusive, foram encontradas plantações de maconha. A suspeita é que as abordagens ilegais praticadas pelo bando tinham como finalidade ocultar a localização exata das drogas.

Durante a operação policial em Nova Olinda do Norte, foram realizadas 15 prisões e a apreensão e 11 armas de fogo. Quatro plantações de maconha, em duas comunidades distintas, foram localizadas pela Polícia Militar. Uma dessas plantações ficava ao lado da casa da irmã de Bacurau.

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