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PT-PCC: operador do mensalão, Marcos Valério delata relação do partido com organização

polícia federal

A edição da Revista Veja deste fim de semana publica reportagem exclusiva do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a 37 anos de prisão por envolvimento no esquema de corrupção no escândalo do mensalão, onde atuou como operador de pagamentos a parlamentares em troca de apoio no Congresso ao então recém-eleito governo do ex-presidente Lula, que viria a ser condenado na operação Lava-Jato.

A Veja revela trechos inéditos da delação premiada que o publicitário fechou com a Polícia Federal – e que foi homologada pelo ministro aposentado do STF Celso de Mello, quase dez anos depois de ele ter recebido a maior pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos mensaleiros.

Valério afirma que ouviu do então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, detalhes sobre o que seria a relação entre petistas e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a principal facção criminosa do país.

Segundo Valério, o empresário do ramo dos transportes Ronan Maria Pinto chantageava o então presidente Lula para não revelar o que supostamente seria uma bala de prata contra o partido: detalhes de como funcionava o esquema de arrecadação ilegal de recursos para financiar petistas. Ele afirma que soube da suposta chantagem contra Lula após conversar Pereira.

De acordo com o publicitário, o então secretário-geral petista o informou que Ronan ameaçava revelar que o PT recebia clandestinamente dinheiro de empresas ônibus, de operadores de transporte pirata e de bingos e que, neste último caso, os repasses financeiros ao partido seriam uma forma de lavar recursos do crime organizado. Valério é claro ao explicar a quem se referia ao mencionar, genericamente, crime organizado: o PCC.

Em uma série de depoimentos à Polícia Federal, que Veja publica com exclusividade, Valério informa que o então prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002 em um crime envolto em mistérios, havia produzido um dossiê detalhando quem, dentro dos quadros petistas, estava sendo financiado de forma ilegal.

O que Daniel não sabia, disse o operador do mensalão aos investigadores, é que a arrecadação clandestina por meio de empresas de ônibus não beneficiava apenas a cúpula partidária: vereadores e deputados petistas que mantinham relações com o crime organizado estavam recebendo livremente dinheiro sujo.

Na versão do operador do mensalão, o dossiê elaborado pelo prefeito assassinado simplesmente sumiu. “Ninguém achou esse dossiê mais”, diz.

Após o assassinato do prefeito, afirma Valério, o partido cuidou de afastar os políticos envolvidos com o PCC.

“A posteriori, o PT fez uma limpa, tirando um monte de gente, vereador, que era ligado ao crime organizado. Vocês podem olhar direitinho que vocês vão ver que o PT fez uma limpa, expulsando do partido essas pessoas”.

A revista informa no final da matéria que tentou falar com Silvio Pereira, que não retornou os contatos. Já Paulo Okamotto, um dos atuais coordenadores da campanha de Lula, ficou irritado ao ser questionado sobre as acusações de Valério sobre ligações do partido com a facção criminosa.

“Tem que perguntar para o pessoal do PCC. Eu não tenho nada para te informar sobre isso”, afirmou Okamotto.

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