Suspeitos controlavam de dentro de um presídio estadual em Mato Grosso, um esquema criminoso praticado em um site de compra e venda de produtos. Cerca de 30 pessoas foram vítimas no AM

Uma quadrilha que aplicava golpes em um site de compra e venda de produtos foi desarticulada. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, o grupo atuava de dentro de um presídio, mas os crimes ocorriam em oito estados brasileiros, entre eles, o Amazonas. Pelo menos 30 pessoas foram vítimas do golpe em Manaus.
A operação denominada “Falsários” foi realizada em conjunto com policiais civis lotados no município de Rondonópolis, no Mato Grosso.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (10) na sede da Derfd, em Manaus, Torres explicou que 30 Boletins de Ocorrência em relação a esses tipos de crime foram registrados na especializada.
O foco dessa organização criminosa eram carros usados no valor de R$ 50 mil a R$ 70 mil. Nos cadernos de anotações deles nós podemos ver ainda negociações de caminhões. Você que vai comprar um veículo pela internet ou algum outro bem, não faça depósitos em contas de terceiros, não trate somente pela internet e veja se a documentação é da pessoa que está vendendo o bem”, alerta o delegado-adjunto da DERFD, Demétrius Queiroz.
Após a constatação dos crimes, o titular contou que solicitou os mandados de prisão em nome dos suspeitos envolvidos na prática criminosa, além da solicitação de seis mandados de busca e apreensão e também de prisão em nome Thaynara Paula Araújo da Silva, de 24 anos que atuava fora do presídio.
“Era ela quem gerenciava, guardava os bens, veículos. Fomos até a cidade na semana anterior, cumprimos todos os mandados, fizemos uma busca nas celas e encontramos 75 chips todos anotados com número de uma operadora”, completou.
Como atuavam
Conforme a polícia, o vendedor anunciava o produto em um site de compra e venda um veículo no valor de R$ 50 mil. Logo, o criminoso com um celular dentro do presídio, entrava em contato com esse vendedor e demonstrava interesse em adquirir o produto.
- O criminoso pedia para que o vendedor retirasse o anúncio do ar, pois cita que irá fechar negócio;
- O criminoso clona o anúncio e vende por um valor muito menor, do que o valor do mercado;
- Surge uma terceira pessoa [vítima], se interessa pelo valor baixo e passa fazer negociação com o criminoso achando que ele é o verdadeiro vendedor;
- Com o avançar da negociação, a vítima pede para ver o carro e o criminoso entra em contato com o vendedor original e diz ter um funcionário para qual está devendo um dinheiro, mas pede para não citar valores pois o interesse era pagar com o carro;
- A vítima, então, entra em contato com o vendedor e não tratavam valores;
- Feito o ‘acordo’, a vítima retorna e entra em contato com o criminoso e diz que tem interesse no veículo;
- A vítima deposita o dinheiro e, posteriormente, é bloqueada em um aplicativo de mensagens onde tinham contato;
- A vítima vai até o dono do carro e questiona a entrega do veículo. No entanto, o proprietário conta que não recebeu nenhum dinheiro.
Segundo a polícia, o grupo criminoso possuía o suporte de duas mulheres, parentes dos infratores, que eram responsáveis pelas movimentações financeiras.
O delegado adjunto da Derfd, Demétrius Queiroz, contou que o prejuízo das vítimas chega a quase R$ 1 milhão.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram apreendidos R$ 1 mil em espécie, documentos, celulares, caderno contendo anotações do esquema ilícito e dezenas de chips de celular. Um terreno foi apreendido, no local, uma casa estava sendo construída para a lavagem de dinheiro. Veículos entre carros e motos foram apreendidos.
Os 16 suspeitos foram indiciados por estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os homens permanecem na unidade prisional onde já cumprem pena por crimes. Entre os presos, duas mulheres foram encaminhadas para um presídio feminino do Estado de Mato Grosso.