O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentou na manhã desta sexta-feira, 27, as declarações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que disse que pensou em matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. “Hoje, nós descobrimos que o procurador-geral queria matar ministro do Supremo. Quem vai querer investir num país desse?”, questionou Maia durante um evento no Rio.
Ao arrancar risos da plateia, Maia acrescentou: “Pelo menos a Polícia Federal já devia ter retirado o porte de armas dele para a gente ficar mais tranquilo.”
Após a palestra, jornalistas pediram para que o presidente da Câmara analisasse mais a fundo as declarações de Janot. “Sei lá”, divagou. “Não se pode nem mais brincar.”
Janot revelou que foi armado ao Supremo no dia 11 de maio de 2017, no mês em que a Operação Lava Jato estava atingindo seu ponto mais alto.
O procurador vai lançar na próxima semana o livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país.
Naquela ocasião, Janot havia pedido ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia Eike. Na sequência, foram publicadas notícias de que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava-Jato — o que, por analogia, também colocaria o pai na condição de suspeito. O procurador identificou Mendes como origem da informação — e, nesse instante, decidiu matá-lo.
O plano do ex-PGR era dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de dois metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou. Mas o plano não se consumou: “Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”.
Janot também narra, entre outros episódios, que foi convidado pelo então senador Aécio Neves (PSDB) para ser candidato a vice-presidente da República, que o ex-ministro Antonio Palocci prometeu entregar cinco ministros do STF e que Michel Temer pediu a ele que cometesse o crime de prevaricação.