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Os corpos das três vítimas foram identificadas como Marcileia Silva Lima e o filho, Jhon da Silva Gonzaga, de 5 meses, além de Pedro Batista, dono da lancha e piloto da embarcação no momento da colisão.
Eles morreram após cair no rio em virtude da colisão entre uma moto aquática, pilotada pelo empresário Robson Tiradentes, e uma lancha no Rio Negro, na comunidade Acajatuba, em Iranduba, região metropolitana de Manaus. A confirmação foi feita pelo Corpo de Bombeiros e pela Marinha do Brasil.
Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), na Zona Norte de Manaus. Conforme apuração preliminar Geovane Gonzaga, esposo de Marcileia, também estava na lancha como passageiro, mas foi resgatado com ferimentos e encaminhado ao hospital em Manacapuru.
De acordo com a família Tiradentes, Robson saiu à noite em busca de um mecânico para consertar um bote que estava à deriva com a esposa e a filha. Ao retornar, a embarcação havia sido levada pela correnteza.

Durante a busca, ele colidiu com uma canoa sem iluminação, e o dono da embarcação teria fugido sem prestar socorro. Somente na manhã deste domingo souberam que o bote transportava outras pessoas.
Robson sofreu fraturas no rosto e na bacia e passará por cirurgia ainda na tarde deste domingo. Até a última atualização desta reportagem, não havia informações sobre o estado de saúde dele.
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), através da Delegacia Fluvial (Deflu), realiza diligências no local para apurar as circunstâncias do caso. As investigações e buscas seguem em andamento.
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, informou que foi acionada na manhã deste domingo para atender a ocorrência, iniciar as buscas pelos desaparecidos e instaurará um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas do acidente.
Versão do sobrevivente e ribeirinhos
Geovane contou que a família retornava para casa na embarcação iluminada apenas por uma lanterna.
“Eu estava sentado na proa, minha mulher com o bebê no colo estava no banco do meio e o Pedro na popa. De repente, apareceu o jetski em alta velocidade e com a luz apagada, batendo na nossa embarcação”, relatou.
O sobrevivente disse que perdeu os sentidos e despertou no fundo do rio. Segundo ele, o local não era muito profundo e, em meio ao silêncio, conseguiu nadar até a margem. “Naquela escuridão entrei em desespero porque não vi mais minha esposa e meu filho. Comecei a gritar chamando os nomes deles, mas não responderam”, lembrou.
Geovane afirmou ainda que, em seguida, viu Robson e outro homem, identificado como “Flávio, conhecido como Louro”, na lancha das vítimas, com o jetski amarrado, saindo do local.
A embarcação estava avariada, e eles retiravam a água. Robson estava consciente, reclamando de dores.
“Entrei na lancha com eles e saímos para pedir socorro. Eu estava machucado e sentindo dores nos quadris. Pedi para descer antes do flutuante para onde eles foram. Tentei chegar à casa da minha mãe andando por um ramal, mas não consegui ir longe, estava escuro e eu com dificuldade para andar. Só no amanhecer fui encontrado por pessoas da comunidade que me levaram ao hospital”, contou.
Ele acreditava que sua mulher e o filho estavam vivos e só soube das mortes após receber alta. Marcileia foi a primeira a ser localizada, no fim da manhã de domingo. O bebê John foi encontrado no início da tarde, e o corpo de Pedro, o piloto da lancha, foi achado por volta das 15h30.
Amigos e parentes das vítimas contestam a versão divulgada pelas autoridades e familiares do empresário e ex-vereador de Manaus Robson Tiradentes e dizem que houve imprudência dele ao pilotar uma moto aquática durante a noite e bater contra a embarcação onde estavam as vítimas.
“Existe o acidente, existe a imprudência. O cara sai de jet ski, de noite, em alta velocidade, e deixa três vítimas: um pai de família, uma mãe e uma criança. E o irmão dele ainda fala que não prestaram socorro? Como, se as vítimas foram atingidas? A gente pede Justiça”, afirmou um ribeirinho ao gravar vídeo e mostrar os corpos das vítimas fatais do acidente.
Eles argumentam que o único sobrevivente da embarcação, Geovane, estava ferido e impossibilitado de reagir, e consideram contraditório o comunicado da família, que afirmou só ter tomado conhecimento na manhã seguinte de que havia pessoas a bordo, já que o Corpo de Bombeiros fora acionado ainda na noite do acidente.
Nota da família Tiradentes
Em nota assinada por Ronaldo Tiradentes, a família relatou que Robson sofreu um acidente de jet ski por volta das 22h, após uma série de contratempos durante a viagem. Segundo o comunicado, o empresário, acompanhado da esposa e da filha, partiu do Tarumã em direção à Praia do Iluminado, mas a moto aquática apresentou problemas mecânicos e precisou de ajuda de um bote.
Ainda conforme a nota, ao entrar no Lago Acajatuba, o bote que conduzia a esposa e a filha de Robson apresentou pane e ficou à deriva. O empresário teria saído à procura de um mecânico e, ao retornar, já não encontrou o bote, deslocado pela correnteza. Com a ajuda de um morador, Robson iniciou buscas, momento em que colidiu com uma canoa sem iluminação.
O texto acrescenta que, num primeiro momento, a família foi informada de que o dono da canoa teria fugido sem prestar socorro. Mesmo feridos, Robson e o morador que o auxiliava conseguiram nadar até a margem usando coletes salva-vidas.
Por fim, Ronaldo informou que só na manhã seguinte souberam que a embarcação envolvida no acidente transportava outras pessoas. Robson sofreu fraturas no rosto e na bacia e passaria por cirurgia.
“A família espera que uma perícia possa ajudar a esclarecer os fatos até agora muito confusos. Eu e minha família estamos em orações por todos os envolvidos”, disse o radialista Ronaldo Tiradentes, irmão de Robson.
Investigações
A Deflu (Delegacia Fluvial) da Polícia Civil do Amazonas e a Marinha do Brasil investigam as circunstâncias do acidente. Um IAFN (Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação) foi instaurado, e será apurado se a moto aquática “Lady Kiê”, tem registro válido na Capitania dos Portos.
As normas da Marinha também proíbem a condução de jet skis após o pôr do sol, o que reforça o questionamento sobre a legalidade da navegação naquele horário.