
A coligação da campanha do candidato petista Lula da Silva pediu e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou que a emissora paulista Joven Pan de rádio e televisão não use mais os termos ex-presidiário, corrupto, descondenado e ladrão nos noticiários da sua programação jornalistica.
O TSE aceitou o pedido lulopetista para que o grupo de comunicação concedesse “tratamento isonômico aos candidatos ao cargo de Presidente da República, de modo a cessar o tratamento privilegiado ao candidato Jair Bolsonaro”.
A emissora também está sob investigação do órgão eleitoral sobre a sua suposta conduta na cobertura jornalística dos presidenciáveis e de governadores. Até o momento, a corte concedeu 42 decisões favoráveis a campanha de Lula e 6 para Bolsonaro.
Na ótica do TSE, apesar de em diversas ocasiões os programas da rede convidar os candidatos Lula e Haddad para entrevistas e manter comentaristas de todas as vertentes políticas, inclusive com a atração “Prós e Contra”, apresentado com o jornalista Adalberto Piotto, que promove embates ideológicos antagônicos entre os convidados.
O órgão apura o uso indevido dos canais do grupo de comunicação no tratamento privilegiado à candidatura de Jair Bolsonaro (PL).
O ministro Benedito Gonçalves deu cinco dias – desde o último sábado (15) – para que Bolsonaro e seu vice, Braga Netto (PL), além de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, dono do grupo, apresentem defesa.
Clima de velório

Os programas da rede Jovem Pan hoje apresentavam um roteiro dos conteúdos que poderiam ser colocados em pauta ou não. O clima era de velório nos estúdios do Morning Show, que registrou a ausência da comentarista de opinião, Zoe Martine. Cubana, ela costumava relatar experiências vividas na ilha submetida pela ditadura Castrista.
Martinez recentemente mostrou na sua rede social uma mensagem de Lula aos integrantes do Fórum de São Paulo onde no final ele deseja uma “grande abraço fraternal no companheiro Hugo Chaves”. Esse tipo de informação sobre a a relação do candidato do PT com Chaves, Maduro ou Daniel Ortega, está proibido de ser veiculado.
No Programa Pânico, os integrantes da atração se limitaram a falar amenidades no ar, evitando qualquer tipo de comentários políticos. O Apresentador do programa, Emílio Surita, mostrava aos participantes um papel com as “restrições” impostas pelo TSE, quando um ou outro abordava o tema político-eleitoral. Com o bom humor peculiar, Surita alertava que eles estavam “limitados” a falar sobre o assunto.
Durante todo o notíciário era vísivel os cuidados com os jornalistas em abordar temas mais sensíveis e o desconforto. Um dos conteúdos na lista assuntos proibidos pelo TSE é a matéria jornalista do site O Antagonista, que foi amplamente compartilhada no noticiário. A reportagem trás levantamento onde Lula aparece com 80% da preferência dos eleitores entre a população carcerária do país e teria sido eleito no primeiro turno se a eleição fosse realizada nos presídios.
Editorial
Em editorial lido por Piotto, a Jovem Pan diz que defende o livre debate de ideias e que segue os princípios básicos do Estado de Direito e acata a decisão da Justiça Eleitoral. “O fato afeta não só a Jovem Pan, mas todos os os outros veículos”.
O TSE já havia censurado – antes de ser veiculado – um documentário da plataforma de streaming de assinantes, Brasil Paralelo, que fala sobre o atentado a faca por Adélio Bispo contra o então candidato a Presidência da República, Jair Bolsonaro em 2019.
Nota da Abert
Associação Brasileira de emissoras de rádio e TV (Abert) divulgou hoje (19) pela manhã nota de repúdio contra o que considerou ‘cerceamento de conteúdos jornalísticos’ pelo TSE.
Na nota a associação “considera preocupante a escalada de decisões judiciais que interferem na programação das emissoras, com o cerceamento da livre circulação de conteúdos jornalísticos, ideias e opiniões”.
“As restrições estabelecidas pela legislação eleitoral não podem servir de instrumento para a relativização dos conceitos de liberdade de imprensa e de expressão, princípios de nossa democracia e do Estado de Direito. Ao renovar sua confiança na Justiça Eleitoral, a Abert ressalta que a liberdade de imprensa é uma garantia para o exercício do jornalismo profissional e do direito do cidadão de ser informado”, diz o comunicado.
“A Abert é uma organização fundada em 1962, que representa mais de 3.000 emissoras privadas de rádio e televisão no país, e tem por missão a defesa da liberdade de expressão em todas as suas formas”, finaliza o documento.