Os realizadores audiovisuais de Manaus já têm destino certo neste sábado (25). Isto porque, a partir das 9h, o Impact Hub (Avenida Efigênio Salles, nº 1.299, Aleixo) sediará uma oficina de direção de arte para cinema, ministrada por Francisco Ricardo, renomado artista visual e diretor de arte. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por meio do link disponível na bio do perfil @retomada.am, no Instagram. Os participantes receberão ainda um certificado digital.
A oficina faz parte do projeto “Mulheres do Audiovisual – Retomada”, idealizado por Aline Fidelix e contemplado pelo edital nº 02/2023 da Lei Paulo Gustavo, cuja finalidade é fomentar é fomentar o apoio mútuo e incentivar a formação de equipes majoritariamente femininas, especialmente, em papéis de destaque nos sets de filmagem.
Apesar de direcionada ao público em geral, Francisco explica que a oficina de sábado tem como foco, principalmente, mulheres, mães e pessoas LGBTQIAPN+. “A direção de arte é parte especial na contenção de uma narrativa, é tudo que é visto em um filme. Tudo que vemos, como cenário, objetos, maquiagem e cabelo, é função da equipe da arte, sendo essa uma equipe fundamental para que possamos nos aprofundar nos personagens”, afirmou o artista ao BEM VIVER.
“Não é possível contar estória sem que a arte esteja presente. A arte pensa nas cores, formas e texturas presentes no filme. Tudo que é visto foi elaborado e aprovado pela direção de arte”, acrescentou Francisco.
Com 20 curtas, cinco longas, seis clipes musicais e uma série de TV no currículo, o artista venceu prêmios como o Kikito de Melhor Direção de Arte de Curta, no Festival de Cinema de Gramado, pelo filme “O Barco e o Rio”. Ele foi, também, diretor de arte de produções como “Uyra: Retomada da Floresta” (2022) e “Pés de Peixe” (2024), trazendo sua experiência em cenografia e estética cinematográfica para a oficina.
“O elemento básico de qualquer narrativa é entender o que você quer contar e para quem você quer contar a sua estória. Esse é um aspecto primordial para que possamos entender como a sua narrativa pode contribuir no tema que você está propondo”, indicou Francisco.
“É essencial que tenhamos artistas responsáveis, que, mesmo sem total percepção de onde querem chegar, saibam onde não querem estar, onde a sua obra não pode confundir”, completou.
Além da prática de direção de arte, o artista considera fundamentais outras habilidades e conhecimentos para quem deseja seguir carreira no audiovisual, especialmente, em papéis criativos. “Qualquer papel criativo necessita de sensibilidade e cuidado. O cinema pode ser muito violento e a imagem pode reforçar estigmas sociais. Antes de se dedicar à produção, é necessário que você se conheça e se entenda como indivíduo, e saiba, minimamente, o que te motiva a contar essas estórias. Esse não é um elemento fácil e, ao mesmo tempo, é extremamente mutável, mas com cuidado e sensibilidade é algo possível de se alcançar”, frisou.
“Antes de qualquer coisa, pise no território com cuidado e pedindo licença. Antes de qualquer coisa, entenda que existem e existiram outros antes de você, contando estórias e vivendo essas estórias. O mundo não é novo e tudo tem dono, respeite os donos dos espaços, da terra e das estórias”, finalizou.
Sobre o projeto
Em 2024, o projeto “Mulheres do Audiovisual – Retomada” mobilizou cerca de 100 pessoas em seis eventos dedicados a discutir a igualdade de gênero e a ampliação do espaço para mulheres e dissidências de gênero no mercado audiovisual.
Um dos eventos de destaque foi a masterclass de roteiro, facilitada por Aruã Oipasam, roteirista e escritor manauara que atuou em produções como “A Sogra que te Pariu” (Netflix) e “Deus Me Livre, Mas Quem Me Dera” (Globo).