Manaus ganhou mais um presente de aniversário nesta semana ao ter um dos complexos comerciais mais antigos da cidade novamente em atividade.
As obras de revitalização no Complexo Booth Line, na região central de Manaus, estão em ritmo acelerado, e o espaço passa a receber feirantes, expositores e empreendedores que irão comercializar seus produtos em uma feira dentro das ruínas históricas que já estão sendo restauradas.
O Booth Line está sendo revitalizado para se transformar no Mercado de Origem da Amazônia, um projeto liderado pela Fundação Doimo e o Grupo Uai, em parceria com a Prefeitura de Manaus, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e outros importantes parceiros.
De acordo com Elias Tergilene, fundador do Grupo Uai/Mercado de Origem e idealizador do projeto, a iniciativa visa resgatar o valor histórico do local e contribuir para a revitalização do Centro de Manaus.
“A obra e a feira vão acontecer simultaneamente. Nós somos especializados em restauro histórico e usamos uma técnica de ocupação porque, quando a sociedade desocupa um centro histórico, a criminalidade ocupa. Foi o que aconteceu nesse complexo e não podemos deixar isso se repetir. As pessoas que visitam ou moram em Manaus vão poder conhecer a história viva deste lugar e ainda poder comprar produtos regionais com preço acessível. O Booth Line se transforma em um grande mercado de origem – um espaço que dá oportunidade para o produtor vender diretamente para o consumidor final, sem atravessador”, detalhou Elias Tergilene.
Ele ressalta que, mais do que um mercado tradicional, este será um centro de comércio e cultura, onde produtores locais e comunidades amazônicas poderão expor e comercializar seus produtos. O mercado promoverá o desenvolvimento sustentável e fortalecerá as raízes culturais da região.
O empreendimento fica às margens do Rio Negro, ao lado do Porto Privativo de Manaus. Os 17 prédios do Complexo Booth Line, datados do século XIX, vão abrigar o Mercado de Origem da Amazônia, com seus mais de 800 expositores, área gastronômica, espaço para apresentações culturais, cursos e palestras.
Além disso, o mercado terá um museu com peças encontradas no próprio complexo, que contam a história da capital amazonense durante um dos períodos econômicos mais importantes da região: o Ciclo da Borracha.
“Vamos inaugurar cada espaço de acordo com o avanço da obra. O espaço estará sendo ocupado pela população. É um presente para Manaus, que quase perdeu esse complexo histórico após anos de abandono.”
Inicialmente, o Mercado de Origem da Amazônia contará com aproximadamente 300 permissionários, que venderão uma variedade de produtos, desde tucumã, queijo e hortaliças até café regional.
“É uma nova oportunidade de renda em um local que inspira a história da cidade. Aqui será um point para turistas e até para os próprios amazonenses que querem conhecer um pouco da história desse lugar. Na ocasião, eles poderão ter contato com os produtos regionais e ajudarão diretamente os produtores. É algo fantástico, e estou ansiosa para começar a mostrar os meus produtos”, destacou a empreendedora Roberta Franco, que produz e comercializa acessórios com produtos regionais.
A feira na Estação Booth Line – Mercado de Origem da Amazônia ocorrerá todos os dias, das 8h às 17h, a princípio. Conforme as obras avançarem, novos espaços serão abertos à visitação e ocupados por empreendedores.
O Complexo Booth Line, localizado às margens do Rio Negro, é um dos marcos mais importantes do centro histórico de Manaus. Esse conjunto arquitetônico, que remonta ao século XIX, desempenhou um papel crucial durante o próspero Ciclo da Borracha, abrigando grandes empresas que moldaram o desenvolvimento econômico e social da Amazônia. Próximo ao antigo porto inglês Rodway, o espaço conectava Manaus a diversas regiões, sendo um ponto central de comércio fluvial.
A revitalização do Mercado de Origem da Amazônia faz parte de um projeto maior, conhecido como o Circuito dos Mercados, que já conta com iniciativas de sucesso em outras partes do Brasil, como Minas Gerais. Esses mercados funcionam como centros de revitalização econômica, onde pequenos produtores e comunidades locais têm a oportunidade de vender diretamente ao consumidor final, promovendo o empreendedorismo e a cultura local. O Circuito dos Mercados reflete um modelo que valoriza o patrimônio histórico enquanto impulsiona a economia regional, oferecendo um espaço dinâmico que integra comércio, cultura e sustentabilidade.
A Fundação Doimo, gestora social do projeto, tem desempenhado um papel central na articulação entre o setor público e privado, buscando promover o desenvolvimento econômico e social através do empreendedorismo e da revitalização de centros históricos. Bernard Martins, presidente da Fundação Doimo, destacou a relevância do projeto ao afirmar que “revitalizar o Complexo Booth Line significa preservar um pedaço vital da história da Amazônia, mas também significa construir um legado que vai impactar tanto Manaus quanto o Brasil.
Esse projeto não só promove o turismo e o fortalecimento da cultura local, mas também impulsiona o empreendedorismo e a sustentabilidade, mostrando que é possível valorizar o passado e, ao mesmo tempo, criar um futuro de oportunidades. É um modelo que pode ser expandido para outras regiões, trazendo benefícios econômicos e culturais para o país inteiro.”