
O Rio Negro, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, está prestes a atingir a seca histórica de 2023 em Manaus, segundo alerta da Defesa Civil do Amazonas. Falta menos de (0,35 cm) de diferença entre o nível atual e o mais baixo já registrado em 122 anos de monitoramento, a cidade enfrenta um cenário crítico.
Seca histórica e situação de emergência em Manaus
Este cenário coloca Manaus em uma situação de emergência, já que o rio tem mais de 1,7 mil quilômetros de extensão e desempenha um papel fundamental na vida local, tanto econômica quanto socialmente.
A população e os turistas, por exemplo, já não podem frequentar a praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da cidade, fechada devido ao baixo nível das águas.
A diminuição do volume de água também tem impactos drásticos no porto da capital, onde bancos de areia estão surgindo no meio do rio, forçando embarcações a ancorarem cada vez mais distantes da área habitual. Esta condição não só afeta o transporte fluvial, mas também coloca em risco a pesca, uma atividade vital para a população ribeirinha e urbana.
Impacto da seca nas comunidades locais
A seca que atinge Manaus e outras 61 cidades do Amazonas não é um fenômeno isolado, mas parte de um quadro de estiagem severa que já afeta diretamente quase 800 mil pessoas no estado.
Este cenário impacta não apenas o abastecimento de água e alimentos, mas também a saúde e o bem-estar das comunidades. A escassez de peixes, que é uma das principais fontes de proteína da população, é uma das preocupações mais urgentes.
Projeções e desafios para o futuro
A expectativa do governo do estado é de que o Amazonas enfrente uma seca tão severa quanto a de 2023, ou até pior.
Um relatório do Serviço Geológico do Brasil, divulgado em 28 de setembro, aponta para a possibilidade de o nível do Rio Negro cair abaixo dos 12 metros pela primeira vez na história, o que traria consequências ainda mais graves para a região.
A falta de chuvas e a previsão de clima seco continuam a ser um fator de preocupação, não apenas para as autoridades, mas também para os moradores que dependem diretamente dos recursos hídricos.
Turismo afetado pela seca
A redução do volume de água no Rio Negro também afeta uma das maiores atrações turísticas da região: o famoso Encontro das Águas.
Esse fenômeno natural, em que as águas escuras do Rio Negro se misturam com as águas barrentas do Rio Solimões, é considerado um dos principais patrimônios do estado.
No entanto, devido à seca, o encontro das águas tem se tornado cada vez mais difícil de ser visualizado, prejudicando o turismo local, que atrai visitantes do Brasil e do mundo.
O papel da Defesa Civil e ações emergenciais
A Defesa Civil do Amazonas monitora constantemente a situação e trabalha para mitigar os efeitos da seca. No entanto, os desafios são enormes, considerando que o Amazonas é o maior estado do Brasil em extensão territorial e depende fortemente dos rios para o transporte, abastecimento e subsistência das comunidades ribeirinhas.
As ações emergenciais incluem o envio de suprimentos e a implementação de programas de assistência às famílias mais afetadas, além de medidas para garantir o abastecimento de água nas regiões mais críticas.
Além das dificuldades no abastecimento de água e alimentos, a seca também ameaça a biodiversidade da região. Espécies aquáticas, tanto de peixes quanto de plantas, podem sofrer com a escassez de água, impactando o equilíbrio ecológico local. Esta é uma das principais preocupações das autoridades ambientais, que alertam para os impactos de longo prazo que uma seca prolongada pode causar no ecossistema amazônico.
Mudanças climáticas e padrões de seca
Especialistas afirmam que eventos de seca extrema, como o que Manaus está enfrentando, podem estar ligados às mudanças climáticas globais. A redução das chuvas e o aumento das temperaturas são fatores que contribuem para a diminuição dos níveis dos rios na região amazônica. Embora o ciclo de vazante e cheia dos rios seja um fenômeno natural na Amazônia, a intensidade e a duração das secas recentes têm sido motivo de preocupação.
As autoridades também estão discutindo políticas de longo prazo para lidar com as consequências das mudanças climáticas na região. Medidas como o uso sustentável dos recursos hídricos, a proteção das áreas de floresta e a implementação de tecnologias que ajudem a mitigar os efeitos da seca são temas que vêm sendo debatidos por governos, organizações ambientais e a sociedade civil.
Consequências econômicas e sociais
A seca do Rio Negro traz não apenas consequências ambientais, mas também econômicas e sociais para a região. O transporte fluvial, que é uma das principais formas de mobilidade no Amazonas, foi gravemente afetado, especialmente nas áreas mais isoladas. Muitas comunidades dependem exclusivamente dos rios para o transporte de mercadorias e o deslocamento de pessoas. Com o nível do Rio Negro em queda, a navegação se torna cada vez mais difícil, o que impacta diretamente o abastecimento de produtos básicos em diversas regiões.
O comércio local também enfrenta desafios. A diminuição do fluxo de turistas e o impacto na pesca prejudicam diretamente a economia de Manaus e das cidades vizinhas. Muitas famílias, que dependem da pesca e do turismo para garantir sua subsistência, estão vendo suas fontes de renda se esgotarem rapidamente.
Medidas para mitigar os efeitos da seca
O governo do Amazonas, em parceria com órgãos federais e organizações não-governamentais, tem desenvolvido estratégias emergenciais para lidar com os impactos da seca. Entre as principais ações estão a distribuição de água potável para as comunidades mais afetadas, o envio de cestas básicas e a criação de programas de suporte econômico para as famílias que perderam suas fontes de renda. A construção de poços artesianos em áreas críticas também é uma das soluções apontadas para garantir o abastecimento de água.
No entanto, as autoridades reconhecem que essas medidas são paliativas e que é necessário um plano de ação de longo prazo para enfrentar as secas cada vez mais frequentes. A criação de políticas públicas voltadas para a preservação dos recursos hídricos e a proteção da Amazônia são vistas como essenciais para evitar que situações como essa se tornem recorrentes.


