Principal rota de ligação do Amazonas com Porto Velho, o Rio Madeira, que escoa a soja do Centro-Oeste brasileiro pelo Amazonas, registra a pior seca dos últimos 57 anos, chegando a 2 metros de profundidade e deixando famílias ribeirinhas em estado de calamidade pública. Há duas semanas, a companhia de água de Rondônia declarou situação crítica até 30 de novembro devido ao risco de desabastecimento. .
Diante desse cenário, a rodovia BR-319 virou uma alternativa, um Plano B, para mais de dois milhões de Manauaras para sair do isolamento com o resto do país. A estrada trafegável, em sua maior parte de terra batida, vive uma atividade intensa por conta dessa realidade.
Atualmente, tem sido registrado um movimento diário de linhas de ônibus regulares entre as duas capitais – empresas Expresso Trans Amazônica e Eucatur -, lotações, restaurantes, hotéis e pousadas lotados e cerca de 400 carretas transitando diariamente.
A estrada que no inverno é a ‘rodovia da lama’, nesse verão é a da ‘poeira’ e os cuidados são redobrados pelas boas condições e o grande movimento. Mas o que está incomodando os usuários, principalmente os caminhoneiros, é a limitação do tráfego imposto pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT).
De acordo com portaria do órgão, por tempo indeterminado, estão proibidos caminhões acima de 23 toneladas transportando verduras, legumes, carnes, peixes e outros gêneros de primeira necessidade.
A justificativa do DNIT é que o peso desses veículos prejudica ainda mais as condições da rodovia. Argumento que é questionado por quem usa a rodovia.
“No período da chuva pode até ser porque piora os atoleiros, mas não no verão”, diz o presidente da Associação dos Amigos e Defensores da BR-319, André Marsílio.

A estrada passa por manutenção permanente e exige atenção dos motoristas devido as máquinas e homens trabalhando na pista de rolamento.
Ela é atualmente a única ligação com Rondônia, que está com as operações aéreas suspensas com voos diretos de Manaus, que devem retornar em outubro.
Apesar das limitações, milhares de pessoas transitam diariamente em viagens de 12 a 13 horas para chegar ao destino final de ônibus (R$ 650,00) ou de lotação (R$ 800). A passagem aérea com diversas escalas pelo Brasil chega a custar até R$ 10 mil, dependendo da data – veja abaixo os preços.

Estratégica para o Polo Industrial de Manaus (PIM) para escoar a produção para o mercado brasileiro, a repavimentação da estrada construída nos anos 60 também impacta no dia a dia dos moradores da região, que enfrentam as dificuldades para se movimentar entre os dois estados do Norte do país.
Os motoristas que insistirem em dirigir carretas acima de 23 toneladas serão multados e terão os veículos apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal.
Os grupos de WhatsApp da Associação dos Amigos e Defensores da BR-319 mantém os usuários informados com vídeos e imagens (assista) das condições da estrada, locais onde são realizadas obras, horários, preços das balsas, localização de postos de combustíveis, enfim, assim como a rodovia, vivem em atividade durante 24h.