Portal Você Online

Rússia anuncia primeira vacina contra o coronavírus

Vladimir Putin anuncia vacinação em massa contra o coronavírus para outubro

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira (11) que o país registrou a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus, desenvolvida pelo  Instituto Gamaleya de Moscou, após menos de dois meses de testes em humanos. O ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, disse que o teste imunológico mostrou eficácia e segurança. O presidente disse que uma de suas filhas já foi vacinada.

Falando em uma reunião do governo hoje, Putin enfatizou que a vacina passou por testes adequados e se provou segura para uso. Autoridades russas disseram que profissionais da área médica, professores e outros grupos de risco serão os primeiros a serem vacinados. A produção em grande escala começará em setembro e a aplicação em massa pode começar já em outubro.

“Gostaria de repetir que passou em todos os testes necessários. O mais importante é garantir a segurança total do uso da vacina e sua eficácia”, completou.

O líder russo acrescentou que uma de suas duas filhas recebeu duas injeções da vacina e está se sentindo bem. “Ela participou do experimento”, disse.

Putin afirmou que sua filha teve uma temperatura de 38°C no dia da primeira injeção da vacina e caiu para pouco mais de 37° C no dia seguinte. Depois da segunda injeção, ela teve novamente um ligeiro aumento de temperatura, mas então tudo acabou.

” Esta manhã, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada”, disse Putin durante uma videoconferência com integrantes do governo exibida pela televisão. Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura” acrescentou.

A fórmula desenvolvida pelo instituto Gamaleia usa duas cepas de adenovírus, usualmente responsáveis por gripes, e recebem o RNA do novo coronavírus para gerar uma resposta imune.

A técnica é parecida, por exemplo, com o modelo da vacina da Universidade de Oxford (Reino Unido) feita em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.

Preocupações

Para o ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina Neto, é preciso calma com as notícias sobre as vacinas contra a Covid-19. “Os russos provavelmente estão queimando algumas etapas. Uma vacina, para ser colocada à disposição da população, tem que demonstrar que é segura.

Vacina não é como um remédio que você dá a um doente, você dá para quem não tem doença. É inadmissível que cause alguma doença”, disse.

O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, afirmou que está nas mãos das agências reguladoras deixar os processos transparentes. “A melhor vacina contra isso é a transparência.”

“É um risco que deve ser evitado garantindo que os aspectos regulatórios sejam cumpridos. Vacina precisa ter comprovação técnica de segurança. Todas as agências reguladoras devem fazer processos transparentes, públicos e rápidos, mas com rigor e qualidade. Vacina sem transparência não vale”, disse Jarbas.

O governo russo diz, no entanto, que os dados científicos estão sendo compilados e serão disponibilizados para revisão por cientistas e publicação ainda no começo de agosto.

Críticos também afirmam que os esforços de Moscou para desenvolver uma vacina ocorrem em meio à pressão política do Kremlin, que pretende mostrar que o país é uma força científica globa

O temor das autoridades internacionais é de que a Rússia, com objetivos políticos de ser a pioneira na criação de uma vacina, não siga todas as fases de segurança que envolvem a criaçao do imunizante. Com o anúncio, feito apesar do aviso da OMS, Putin praticamente reivindica a vitória na corrida global por uma vacina contra a Covid-19.

Sputnik V: a vacina russa

O CEO do RDIF, Kirill Dmitriev, disse nesta terça que a vacina se chamará Sputnik V para os mercados estrangeiros, uma referência ao primeiro satélite do mundo. “Acreditamos que a vacina é incrivelmente segura. Testei em mim mesmo e não vimos efeitos colaterais significativos”, afirmou.

Ele informou que a fase 3 dos testes vai começar nesta quarta-feira, e espera que a substância seja produzida no Brasil. “A produção na América Latina vai começar em novembro, sujeita à aprovação regulatória.”

Dmitriev ressaltou que a empresa já fechou acordos internacionais para produzir 500 milhões de doses anualmente, e recebeu pedidos de mais de 20 países por 1 bilhão de doses da vacina.

De acordo com uma fonte do governo russo, a base da substância é um adenovírus, com partes do Sars-Cov2 (causador da Covid-19) para induzir a imunização.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e as autoridades de saúde russas estão discutindo o processo de uma possível pré-qualificação da agência para a substância, disse o porta-voz da OMS Tarik Jasarevic.

“Estamos em contato próximo com as autoridades de saúde russas e há discussões em andamento com relação a uma possível pré-qualificação da OMS para a vacina.

Mas pré-qualificação de qualquer vacina incui revisão rigorosa e avaliação de todos os dados necessários de segurança e eficácia”, declarou Jasarevic, em referência aos testes clínicos.

Parceria com o Brasil

No dia 24 de julho, o governo do Paraná anunciou que estudava uma parceria com a Rússia para produzir a vacina.

Segundo o anúncio, o embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, se reuniu com o chefe da Casa Civil paranaense, Guto Silva, em Brasília.

“Tivemos a aprovação do embaixador e agora os protocolos do acordo serão preparados pelas equipes do Paraná e da Rússia. Em seguida será agendada uma reunião dele com o governador Carlos Massa Ratinho Junior para a finalização dessa parceria, que pode incluir, ainda, a produção de medicamentos para a doença”, informou Guto Silva.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *