por: “Quem é você para falar de bom exemplo na Saúde. Vossa Excelência é acusado de receber R$ 500 mil de propina”, disse o deputado para o senador e presidente da comissão que investiga irregularidades na pandemia de Covid-19
O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz, que investiga irregularidades na pandemia, foi surpreeendido pelo deputado estadual do Amazonas, Fausto Júnior (MDB), quando era pressionado a falar porque não indiciou o governador Wilson Lima na CPI da Saúde estadual, durante oitiva desta terça-feira (29) na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado.
“O certo era para ser indiciado, inclusive, o ex-governador Omar Aziz, pela gestão dele na saúde e não somente o governador Wilson Lima; todos têm participação”, respondeu Fausto para a plateia de parlamentares ao ser questionado do porquê não ter pedido o indiciamento do governador amazonense.
A CPI amazonense na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) apurou irregularidades na saúde do Estado de 2011 a 2020, quando foram gastos R$ 1,4 bilhão a título de pagamentos indenizatórios – período em que o Amazonas passou por várias gestões, inclusive de Aziz.
Ex-governadores do estado, os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) usaram esse tipo de pagamento nos seus governos e isso provocou uma cena constrangedora protagonizada pelos dois em um momento embaraçoso na CPI – que ficou apenas num embate regional, ignorado pela grande mídia que filtrou o lance e editou as imagens e falas nos noticiários.
Num clima tenso e pesado, os dois senadores lavaram a roupa suja em rede nacional. Braga negou a existência de pagamentos indenizatórios no governo dele, mas Omar discordou e confirmou:
“Quando eu falei que tinha processos indenizatórios em governos e administrações, vossa excelência pulou e disse que não. É bom o senhor dar uma olhada no Portal da Transparência, que existe lá como indenizatórios R$ 346 milhões pagos”, disse Aziz.
De depoente e testemunha, Fausto ficou de expectador e quando teve a palavra disse que com relator tentou propor o indiciamento de Aziz na CPI da Aleam que investigou a sua atuação da administração estadual na saúde.
Ao ser citado, Aziz partiu para cima da testemunha questionando as acusações: “O senhor está aqui como testemunha e o senhor se comporte”. Repetiu para que o deputado estadual se comportasse mais duas vezes.
“Deixe eu lhe dizer uma coisa: é uma prática que tem que ser abolida, mas que não tem… Você tem que provar se tem crime. O Tribunal de Contas do Estado aprovou esses pagamentos indenizatórios, inclusive do meu governo, que não era eu, veja bem, o ordenador de despesa. Isso é claro, deputado”, declarou.
“Se vossa excelência não quiser me responder, vossa excelência será investigado pela CPI”, ameaçou Aziz.
“Senador, eu estou sendo ameaçado? Eu esou sendo ameaçado senador? Eu falo do seu governo e o senhor me ameaça?”, questionou Junior sobre o tom ameaçador do presidente da CPI.
“Quem é você para falar de bom exemplo na saúde”?, finalizou o deputado enquadrando o senador.
