Falar sobre depressão e suicídio ainda bate de frente com o preconceito, e a opção pelo silêncio predomina. Com o objetivo de orientar e prevenir situações de suicídio, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Umanizzare Gestão Prisional Privada irão realizar uma série de ações sobre valorização da vida em cinco presídios do Amazonas.
As atividades fazem parte do fortalecimento da campanha Setembro Amarelo, que chama atenção para a prevenção ao suicídio ao longo do mês. As atividades começaram nessa semana, na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e no Centro de Detenção Provisório de Manaus (CDPM 1) e envolverão aproximadamente 500 internos.
Durante as ações, serão realizados encontros com psicólogos e assistentes sociais, exibição de filmes por meio do projeto Cine Cultura, e palestras sobre depressão, família e valorização da vida.
De acordo com a gerente técnica da Umanizzare, Sheryde Karoline, o Setembro Amarelo é importante por reforçar o amor próprio entre os internos. Segundo ela, o sofrimento, o arrependimento, a própria situação de cárcere, o abandono familiar são fatores que influenciam para o surgimento de pensamentos suicidas e até atentados contra a própria vida no ambiente prisional.
“Por esses motivos, o trabalho será focado em ouvir os custodiados. Queremos dar a oportunidade para que falem sobre o problema de uma forma espontânea durante cada atividade”, pontua Sheryde.
A enfermeira Stephanie Cristiane Marques Brito Santos, do CDPM 1, reforça que o que torna essa ação importante é observar durante as atividades sinais de um possível suicídio. “A primeira medida preventiva é a educação. Além disso, é preciso saber a diferença de tristeza e depressão. Vamos reforçar que participar das atividades oferecidas nas unidades ajuda a preencher o tempo, a sensação de vazio que eles vivem no cárcere”, afirma.
Ao final de setembro, as cinco unidades prisionais cogeridas pela Umanizzare deverão apresentar o resultado dos encontros que foram realizados durante essas semanas com os profissionais e os detentos. “Como cada unidade tem a própria realidade, as atividades são diferentes, mas no fim o resultado é sempre de tentar ajudá-los a cuidar da saúde mental”, finalizou Sheryde.