Ataques de grupos armados deram prejuízos de mais de R$ 100 milhões e provocaram a morte e ferimentos na tripulação das balsas e empurradores que navegam pelo Amazonas

O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma), Galdino Alencar Júnior, foi na Secretaria de Segurança ontem (9) para pedir urgência no combate a pirataria no Rio Amazonas, principalmente no trecho entre os municípios amazonenses de Itacoatiara e Parintins. Os ataques já renderam prejuízos de mais de R$ 100 milhões as empresas de transporte e do Polo Industrial de Manaus.
No início da semana, Galdino Junior, esteve em Brasília, onde entregou um relatório sobre os ataques de grupos armados a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e encaminhado ao Congresso Nacional, Ministério dos Transportes, além da direção de órgãos como a Polícia Federal e a Marinha do Brasil.
A situação chegou ao ponto de provocar um incidente entre um navio da Marinha e um empurrador transportando balsas carregadas de produtos. No patrulhamento e abordagem feita pelos militares em uma lancha, eles foram confundidos com os piratas e recebidos a bala pelos seguranças da embarcação. No tiroteio um militar morreu, outro foi atingido, e três tripulantes ficaram feridos.
“O cenário está descontrolado e quase insustentável, principalmente no que se refere ao transporte de combustíveis para abastecer postos e usinas de energia no interior”, disse Galdino Junior acrescentando que botijas de gás também são alvo dos bandidos.

Pelo levantamento do relatório apresentado na Secretaria de Segurança, em torno de 400 embarcações atuam no transportes de alimentos, produtos produzidos na Zona Franca de Manaus, como eletroeletrônicos e combustíveis. Ainda de acordo com o documento, as empresas têm investido em escoltas armadas e monitoramento via satélite, mas sem sucesso.
Os embates entre seguranças das balsas e piratas já deixaram mortos e dezenas de feridos. A violência dos agressores também tem aumentado e, além dos tiroteios, agressões com tortura e mutilação têm sido registradas nas ocorrências.
Saiba mais
A pirataria no Amazonas é restrita a esta região entre Itacoatiara e Parintins. No Médio Amazonas, próximo a Coari e Tefé – a 450 km de Manaus – grupos armados em lanchas rápidas atacam barcos de passageiros que fazem a linha regular entre os municípios do interior e a capital do estado.
A ousadia das quadrilhas não poupa nem o tráfico de drogas. Carregamentos de maconha e cocaína provenientes da fronteira com a Colômbia e o Peru são interceptados pelos piratas, apesar do policiamento ostensivo realizado naquela área realizado por uma força-tarefa da Operação Hórus e Vigia, integrada pela Polícia Militar, Polícia Federal Polícia Civil, Marinha e Aeronáutica de vigilância nas fronteiras.
O governo do Amazonas, também reforçou as ações na área com uma base fluvial, a Arpão, com lanchas rápidas blindadas e um efetivo de 50 agentes para conter as investidas dos piratas.