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Solo da Amazônia estoca 52% do carbono orgânico no Brasil

A rede MapBiomas revelou que o solo da Amazônia concentra 52% da massa total de carbono orgânico presente em território brasileiro. Os dados revelados nesta sexta-feira (5) pela plataforma detalham que o Brasil possui uma massa total de 37,5 gigatoneladas (Gt) de carbono orgânico do solo (COS), onde mais da metade se encontra na região amazônica.

O estudo, que será publicado no site oficial da plataforma, integra dados da nova Coleção 3 (beta) de mapas anuais do estoque de carbono orgânico do solo entre 1985 e 2024, além de mapas de granulometria, textura e profundidade de camadas pedregosas dentro de 100 centímetros do solo em todo o território brasileiro. O professor Alessandro Samuel-Rosa, um dos coordenadores do MapBiomas Solo, explica sobre os novos dados.

dados revelam que 35,9% do solo brasileiro estoca entre 40 e 50 t/ha de carbono. A Mata Atlântica supera a média nacional de armazenamento por hectare, com 53,4 t/ha, onde se encontram as regiões de clima mais frio (como campos de altitude e florestas de araucária) e úmidas (como restingas e mangues) que favorecem o acúmulo de carbono abaixo da superfície. Em segundo lugar, está a Amazônia, com 46,3 t/ha, e depois o Pampa, com 43,7 t/ha. Nos dois biomas, os maiores estoques de carbono orgânico do solo estão em florestas de várzea, como aquelas próximas do Rio Negro na Amazônia, e na zona costeira.

Relação composição do solo x uso da terra


Para fins práticos, a composição do solo é usualmente agrupada em classes de textura, que refletem a relação entre areia, silte e argila. Os novos dados mostram que, na camada superficial de 0–30 cm, a textura média predomina em 63,4% do território brasileiro, seguida pelos solos argilosos (29,6%), enquanto as classes arenosa, siltosa e muito argilosa somadas representam apenas 7% da área nacional. Além das diferenças na superfície, os mapas permitem observar de maneira explícita como a textura do solo pode mudar em profundidade: entre 60 e 100 cm, o país se torna majoritariamente argiloso (63,6%). 

A textura do solo brasileiro revela contrastes marcantes entre os biomas brasileiros. Na Mata Atlântica, predominam solos com teores de argila superiores a 60%, o que confere maior capacidade de armazenamento de água e de retenção de nutrientes e também contaminantes, além de permitir que o carbono orgânico permaneça estocado por longos períodos.

Em contraste, Cerrado, Caatinga e Pantanal concentram áreas com teores de areia acima de 60%, ou seja, em solos nos quais a capacidade de retenção de nutrientes e carbono são menores e a infiltração e evaporação da água ocorrem de forma mais rápida, refletindo em menor quantidade de água disponível no solo. Ao mesmo tempo, a facilidade de infiltração  contribui para a recarga dos aquíferos durante o período chuvoso.

análise conjunta desses mapas de solo e da série histórica de uso e cobertura da terra evidencia padrões de ocupação do território relacionados às características físicas do solo. Entre 1985 e 2024, a pastagem se expandiu principalmente sobre solos de textura média e arenosa, perdendo área nas regiões muito argilosas. Essas áreas foram majoritariamente ocupadas pela agricultura, que também cresceu preferencialmente sobre áreas com baixa pedregosidade nos primeiros 90 cmJá a silvicultura teve expansão mais expressiva em locais onde a pedregosidade aparece nas camadas superficiais (<50 cm).

Os novos dados mostram que 9% do território brasileiro (77 milhões de hectares) possuem solo com mais de 50% de seu volume ocupado por pedregosidade dominante nos primeiros 100 cm. Destes, em 27,6 milhões de hectares (3,2% do território), o solo tem, no máximo, cerca de 90 cm de profundidade.

Abaixo dessa profundidade, o solo encontra a rocha ou tem mais de 90% de seu volume ocupado por fragmentos de rocha, cascalho, nódulos ou concreções (pedregosidade extrema). Na Caatinga, em particular, o solo se torna progressivamente mais pedregoso a profundidades entre 10 e 50 cm. Quanto maior a pedregosidade do solo, menor tende a ser o espaço disponível para o crescimento das raízes e o armazenamento de água, além de dificultar a mecanização agrícola e obras urbanas de saneamento.

Relação textura do solo x estoque de carbono


As diferenças nos estoques de carbono orgânico do solo tornam-se ainda mais evidentes quando analisadas por textura. Em média, solos argilosos, muito argilosos e siltosos possuem os maiores estoques, frequentemente acima de 50 t/ha em todos os biomas, enquanto os solos arenosos têm estoque médio de 32 t/ha no país. Na Caatinga, por exemplo, solos muito argilosos têm em média o dobro do estoque de carbono de solos arenosos, chegando a 35 t/ha de diferença.

“No Brasil, a distribuição do estoque de carbono orgânico do solo é marcadamente heterogênea, refletindo a diversidade climática, hidrológica, geológica e ecológica do território. Essa heterogeneidade reforça a importância de compreender cada bioma em sua totalidade, considerando tanto o que ocorre acima quanto abaixo da superfície”, destaca o professor.

Repositório público de amostras de solo


Além do lançamento de novos mapas de propriedades do solo, o MapBiomas Solo também lançou uma plataforma inédita de visualização espacial de dados de amostras de solo. A plataforma (https://plataforma.soildata.mapbiomas.org/) permite ao usuário navegar pelo território brasileiro, identificar onde há amostras de solo coletadas por pesquisadores e técnicos no passado e descarregar esses dados para uso em suas atividades. O usuário encontra dados de textura do solo (argila, silte e areia), carbono orgânico, densidade do solo e volume de fragmentos grossos de mais de 45 mil amostras de 15 mil pontos de coleta. … – Veja mais em https://portalamazonia.com/meio-ambiente/carbono-organico-na-amazonia/

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