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Subprocuradores querem afastar colega que deu desconto de R$6,8 bilhões

O coordenador da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF), Ronaldo Albo, reduziu em R$ 6,8 bilhões a multa a ser paga pelo grupo J&F no acordo de leniência e levou seus colegas que atuam no órgão a pedir o seu afastamento do cargo.

O pedido de afastamento foi enviado ao procurador-geral da República e presidente do Conselho Superior do MPF, Augusto Aras, de quem Ronaldo Albo é fiel aliado.

A solicitação de afastamento é assinada pelos subprocuradores Alexandre Camanho e Eitel Santiago, membros titulares e colegas de Ronaldo Albo da 5ª Câmara, e também por dois suplentes do colegiado, o subprocurador Paulo Eduardo Bueno e o procurador Bruno Caiado. Na prática, a 5ª Câmara se voltou contra o seu coordenador.

Conforme revelou a equipe da coluna, a revisão do bilionário acordo abriu uma crise interna no MPF.

O acordo original de leniência da J&F, firmado em 2017, previa o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos por conta do envolvimento da empresa em casos de corrupção.

Em maio deste ano, os irmãos Joesley e Wesley Batista conseguiram que Ronaldo Albo, coordenador da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, votasse a favor da redução da multa para R$ 3,53 bilhões – um “desconto” de 65,7%.

O prazo de pagamento, que era de 25 anos, passou para oito. A 5ª Câmara é o órgão do MP que analisa casos de combate à corrupção e improbidade administrativa.

Mas Ronaldo Albo “tratorou” o voto de Eitel Santiago e Alexandre Camanho, dois outros subprocuradores que recusaram o pleito do grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista por um placar de 2 x 1 na própria Câmara.

Ronaldo Albo chegou a anular o voto de Camanho, sob a alegação de que o colega não participou do início da discussão do caso, e decidiu, sem consultar ninguém, que a sua posição de coordenador da 5ª Câmara é que deveria prevalecer.

“O subprocurador-geral Ronaldo Albo repactuou o acordo de leniência afirmando, de maneira soberba e sem amparo regimental, que o seu voto deveria prevalecer. Destaque-se, mais uma vez, que os demais membros da Câmara só tiveram ciência desta decisão quando registrada na ata de julgamento”, afirma o grupo de subprocuradores ao pedir o afastamento de Albo.

Em meio à polêmica, a J&F pagou a primeira parcela, já sob as novas regras, no dia 16 de agosto, depositando R$ 608,1 milhões destinados à União.

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