Justiça tomou a decisão depois que os investigadores, comprovaram que os acusados foram responsáveis pelo surgimento de dezenas de loteamentos ilegais no Sol Nascente

A Justiça do Distrito Federal condenou sete policiais militares a 10 anos de prisão por organização criminosa. Os militares foram presos em maio de 2019 no âmbito da Operação Horus, ação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que desarticulou o grupo envolvido em grilagem de terras. Um dos condenados é tio da primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro.
Acusado de participar de uma milícia responsável pelo esquema, o primeiro-sargento João Batista Firmo Ferreira é irmão de Maria Aparecida Firmo Ferreira, mãe de Michelle.
As investigações também tiveram apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Indícios apontavam que os policiais militares eram milicianos e atuavam para beneficiar esquema ilegal de parcelamento de terras no Sol Nascente.
O pedido de prisão preventiva de João Batista foi expedido pela Auditoria Militar do Distrito Federal. À época, o MPDFT e a PCDF também cumpriram 15 mandados de busca por meio da primeira fase da Operação Horus, que é acompanhada pela Corregedoria da PM.
Veja o nome dos PMs condenados:
Agnaldo Figueiredo de Assis
Francisco Carlos da Silva Cardoso
Jair Dias Pereira
João Batista Firmo Ferreira
Jorge Alves dos Santos
José Deli Pereira da Gama
Paulo Henrique da Silva
Atuação – João Batista é morador e conhecido na região. Segundo os investigadores, os acusados foram responsáveis pelo surgimento de dezenas de loteamentos ilegais na área. À reportagem, a PMDF informou que colaborou com as investigações e que o caso corre sob sigilo de Justiça.
A denúncia do MPDFT descreve que o tio de Michelle Bolsonaro, assim como outros investigados, “negocia lotes de ‘beco’ [áreas destinadas originalmente para passagens de pedestres] e outros terrenos de áreas públicas ‘griladas’”. Um dos diálogos, conforme a denúncia, confirma o modo de agir da organização criminosa, que se valia de violência para expulsar pessoas dos lotes de interesse.
Em uma das conversas grampeadas, de 31 de julho de 2015, o primeiro-sargento comenta “que tem um vagabundo querendo invadir a chácara de novo”. “João narra que falou para o cara ligar para ele cedo, porque ele vai ‘arruma’ (sic) uns pistoleiros. João diz que já mobilizou ‘uns polícias’ (sic) lá para ajudá-lo”, transcreve um trecho da denúncia.

A atuação de Firmo na venda de lotes é destacada em outras conversas. Em 16 de junho de 2015, ele disse que vendeu um barraco “na 115” por R$ 60 mil. O interlocutor questiona se o governo não demoliu e ele responde “que derrubou, mas já construiu novamente, murou e tem gente morando lá e que a pessoa que comprou vende por R$ 80 mil”.
“João diz que está terminando um outro barraco no outro setor”, completa o relato do grampo telefônico. Os investigadores afirmam, ainda, que a análise dos dados bancários de João Firmo reforçaram o vínculo dele com a organização criminosa.
Fonte: Metrópoles