Brasil e Argentina se enfrentam em amistoso às 14h (de Brasília) no estádio universitário Rei Saud, em Riade, capital da Arábia Saudita.
Quatro meses após o título da Copa América, o técnico Tite vê a seleção brasileira e ele próprio em um processo de reinvenção. Nesta quinta-feira, véspera do clássico contra a Argentina, na Arábia Saudita, Tite exaltou os números positivos que tem à frente do Brasil, mas admitiu a insatisfação com os últimos quatro jogos sem vitória e falou sobre as mudanças pelas quais passa a equipe.
– São 23 jogos oficiais, traduzindo em números (o retrospecto). Sem fingir modéstia, me orgulha a forma da equipe jogar, tem média de 2,2 gols por jogo. Destes 23, foram 17 vitórias. A equipe gosta de jogar, propõe, é alegre sem ser irresponsável. A ideia está bem clara nesses 23 jogos. Agora a equipe está num período de se reinventar, ela e seu técnico, eu me reinventando em cima de novos jogadores. Estamos nos reinventando para uma competição que vem em seguida. Mas dentro de uma ideia – comentou, já projetando as Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, que começam em março de 2020.
Brasil e Argentina se enfrentam em amistoso às 14h (de Brasília) no estádio universitário Rei Saud, em Riade, capital da Arábia Saudita.
Como não poderia ser diferente, Messi esteve na pauta da entrevista de Tite. O treinador não quis revelar como fará para marcá-lo e mostrou bom humor para tratar do assunto:
– Continuo sem dormir direito para neutralizar um jogador com capacidade extraordinária.
– Ele é um jogador diferente, tem qualidades técnicas impressionantes. A gente nunca neutraliza um jogador assim. Diminuímos as virtudes. Futebol é um esporte coletivo. Um coletivo forte vai potencializar um Coutinho, Firmino, Willian, assim como Otamendi, Aguero… Estamos tratando de Messi. Ele é um jogador diferenciado. Quando eu estava no Corinthians, passava três dias para ver como ia marcar o Neymar. Me criei no Caxias contra o Ronaldinho Gaúcho. O trabalho em equipe pode potencializar, depois o talento individual ajuda – afirmou o técnico.
A reinvenção a qual Tite se refere sobre o Brasil tem relação com jogadores e também estrutura tática. Recentemente ele fez mudanças na equipe, saindo de um 4-2-3-1, usado nas Eliminatórias e na Copa do Mundo, com Casemiro, Paulinho, Renato Augusto, Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus, para um sistema mais próximo de um 4-3-3 ou 4-4-2 – com Casemiro e Arthur, Coutinho e às vezes Neymar pelo meio, mais Gabriel Jesus na direita e Firmino no ataque.
Elogios a Rodrygo
Tite não confirmou a escalação, mas deu a entender que pode fazer mudanças na equipe base. Uma das possibilidades aventadas era a entrada do atacante Rodrygo, do Real Madrid, mas o técnico indicou que ele começará no banco. O garoto de 18 anos vive boa fase e ganhou elogios do comandante canarinho.
– Conversei com ele e disse que ele tinha que se orgulhar do comportamento. Pedi para dar um abraço nos pais pela educação que recebeu. Que agradecesse ao Jair Ventura que o lançou. Rodrygo é um exemplo para um monte de garoto jovem que gostaria de estar na posição dele. Eu não o conheço, é o primeiro contato. Reparei que quando fez o primeiro gol foi abraçar o Benzema, que deu assistência. Quando fez o hat-trick, não olhou para a câmera, pegou a bola e beijou – comentou.
Mudanças no sistema
– Estamos procurando, fazendo combinações de atletas em setores, estabelecendo conexões, do lateral com o externo, o trio do meio de campo, ainda não encontramos a melhor forma. Estamos em busca. Gostaria de ter feito mais mudanças no jogo contra a Nigéria. Agora estamos oportunizando porque é uma etapa. Se quer ganhar lá na frente, prepara agora.
Novo encontro com a Argentina
– É um grande clássico. Houve momentos (de duelos) com Messi, momentos sem, momentos decisivos, como na Copa América. Um jogo (na Copa América) com nível técnico, não aquele todo deslumbrante, porque o aspecto emocional foi muito forte. Surpresa em termos de sistema não existe. Mas estratégia pode mudar, com marcação mais alta, com jogador de velocidade, de contenção. Não faz diferença? Faz. Queremos fazer um grande jogo, sabendo do poderio da Argentina. É um jogo especial na história do futebol internacional. O próprio nome diz, é superclássico. É sim um campeonato a parte.
“Queremos resultados”
– (Jogos sem vitórias) São etapas que acontecem, situações, e temos que analisar cada uma delas. Queremos resultados e não estamos satisfeitos. Mas também sei que é uma etapa, e os resultados de todos os momentos nesta etapa de preparação é o menos importante. Eliminatórias teve resultado? Teve. Copa do Mundo? Não. Copa América? Teve. Sei das etapas e sei da responsabilidade.
Outros confrontos com argentinos
– Ainda não enfrentei a Argentina na Argentina. Jogamos na Austrália, na Arábia e duas vezes em Minas Gerais. É claro que nossa preferência é jogar no Brasil, ter a presença da nossa torcida. Sobre repetir esse jogo na Arábia, temos uma boa lembrança, da vitória com gol do Miranda nos minutos finais. Estava um clima legal. Espero que isso se repita.
Possíveis alterações
– Uso “oportunidade” propositadamente, porque quando se fala em teste estamos usando alguém que tem qualidade técnica. Para mim não serve essa frase. Temos que aproveitar o atleta em bom momento. O jogo pode falar. Talvez para começar o jogo a gente já possa dar oportunidades. Mas não posso trazer um atleta que está se ambientando com a Seleção e já colocar ele jogando. Passa por uma etapa de colocar a camiseta, sentir a camisa… O Bielsa fala: “colocar atleta novo é bom para biografia, mas dar oportunidade quando o atleta está preparado aí sim é desafiador”. Tentamos preparar o atleta para ele passar essas etapas, aí sim é consistente.57 comentários