Protestos no Líbano provocam renúncia em massa seis dias após megaexplosão em Beirute
O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, anunciou a renúncia de todo o gabinete de governo, seis dias após a megaexplosão que devastou Beirute e de um fim de semana de manifestações que reuniram multidões nas ruas da capital.
A insatisfação crescente da população libanesa ficou evidente com a tomada de prédios de ministérios no sábado e no domingo, associadas à convocação de um levante contra o governo.
Quatro ministros já haviam renunciado ao cargo nos últimos dias, dois nesta segunda-feira — a titular da pasta da Justiça, Marie Claude Najem, e o ministro das Finanças, que fez o anúncio, mas não chegou a entregar a carta de renúncia para aguardar a saída de todo o gabinete.
Hassan Diab, em pronunciamento, afirmou que a explosão é fruto da corrupção endêmica que assola o país. E disse ainda, que “a corrupção que o país sofre é maior do que o Estado”.
Diab pediu também o julgamento dos responsáveis pela explosão. O primeiro-ministro disse que “o governo dará um passo para trás”, mas disse que continua com o povo.
Ele criticou ainda a elite do país, a qual acusa de mentir para o povo. E finalizou com a frase: “que Deus proteja o Líbano”.
A renúncia completa do gabinete surge após ministros já terem deixado seus cargos, na esteira das manifestações de insatisfação com o governo libanês, sobre o qual recai a culpa por permitir o armazenamento de mais de 2.700 toneladas de substância altamente explosiva no porto de Beirute sem qualquer cuidado.
O desastre no porto de Beirute multiplica os problemas na esfera econômica, já que destrói a principal porta de entrada e saída do comércio libanês, e da saúde. A explosão destruiu ao menos três hospitais e todo o estoque de equipamentos de proteção destinado ao combate da covid-19 no país.