A eleição do novo presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas pode ir parar na Justiça. Traições, acusações de infidelidade partidária, compra de votos e casuísmo marcaram a escolha do deputado do Partido Verde, Roberto Cidade, para a presidência da Aleam, na tarde de ontem (3).
Numa manobra de última hora, parlamentares fizeram alterações regimentares, viraram casaca e aprovaram uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que antecipou a eleição de 17 de dezembro mudando a data da eleição da mesa diretora da Casa pegando a todos de supresa.
Cidade tem como vice na sua chapa que vai comandar a Aleam pelos próximos dois anos (2021-2022) o próprio atual presidente, Josué Neto (PRTB), um dos articuladores da sua candidatura relâmpago.
Calouro na política, Cidade teve 16 votos, contra oito do seu adversário, o veterano deputado Belarmino Lins (PP), também escolhido já nos acréscimos do segundo tempo desse processo eleitoral.
Na confusão, Lins ficou sem os votos de seus próprios colegas, Álvaro Campelo e Mayara Pinheiro (filha de Adail Pinheiro), que votaram contra, e disse que pediria a expulsão dos dois por infedelidade partidária.
“Em respeito às normas do partido, eles deveriam ter votado no candidato progressista durante o processo eleitoral da Aleam”, diz uma nota enviada pelo Diretório Estadual do Progressistas (PP), ontem à noite.
Já hoje pela manhã (4), Belão, como é mais conhecido o decano, emitiu nota afirmando que não vai pedir a expulsão dos colegas. “Declaro que não há razão para punir os dois deputados pelas posições assumidas durante o recente processo eleitoral da Aleam, pois não houve nenhum fechamento de questão dentro do PP com relação ao pleito eleitoral”, voltou atrás o parlamentar.
Troca-troca
No troca-troca, Cidade também mudou de lado. Até a última terça-feira (1), ele era da base aliada (leia-se do governo Wilson Lima, do PSC) para presidir o Legislativo, mas ontem se aliou a Josué Neto, adversário declarado do governador e que tem entre seus objetivos na Aleam retirar Lima do Executivo com sucessitivas tentativas de impeachment.
A reviravolta nos bastidores levantou suspeitas. A deputada do Partido Liberal, Joana Darc (PL), subiu na tribuna do plenário e denunciou a compra de votos. “O deputado Roberto Cidade foi atrás de comprar votos. E eu digo o valor, o voto era R$ 200 mil”, denunciou.
” Em três minutos, os deputados rasgaram a Constituição. Em três minutos foi feita uma reunião na Comissão de Constituição e Justiça, a convocação de todos os membros, elaborada a ata, depois realizada a reunião de uma comissão especial, consultada por todos os líderes da Casa, mas eu que sou, por exemplo não fui e a maioria não foi. Em três minutos o deputado delegado Péricles conseguiu fazer essa mudança junto com seus colegas que apoiaram esse golpe”, afirmou a deputada Alessandra Campêlo.
Revoltada, a parlamentar se disse vítima de um “golpe” e que a eleição de Cidade, que até então era da base governista, é mais uma manobra de Josué Neto para dar andamento ao projeto de cassar o mandato do governador.
Momentos antes da votação, Josué Neto apresentou uma lista com a chapa 1 formada pelos deputados: Presidente Roberto Cidade (PV), vice-presidente Josué Neto (PRTB), 1º vice-presidente Mayara Pinheiro (PP), 2º vice-presidente Adjuto Afonso (PDT), Secretário Geral, delegado Péricles (PSL), 1º secretário Álvaro Campêlo (PP), 2º secretário Sinésio Campos (PT), 3º secretário Fausto Júnior (PRTB), Ouvidor Felipe Júnior (Patriota) e Corregedor Therezinha Ruiz (PSDB).
A chapa 2 teve os deputados: presidente Belarmino Lins (PP),vice-presidente Abdala Fraxe (Podemos), 1º vice-presidente Cabo Maciel (PL), 2º vice-presidente Saullo Vianna (PTB), Secretário Geral, Dr. Gomes (PSC), 1º secretário Joana Darc (PL), 2º secretario Augusto Ferraz (DEM), 3º secretário não tem, Ouvidor não tem, Corregedor, Alessandra Campêlo (MDB).
Votaram por Cidade os deputados Adjuto Afonso, Álvaro Campelo, Carlinhos Bessa, Josué Neto, delegado Péricles, Mayara Pinheiro, Fausto Júnior, Felipe Souza, Ricardo Nicolau, Serafim Corrêa, Sinésio Campos, Dermilson Chagas, João Luiz, Therezinha Ruiz e Wilker Barreto.
Na chapa 2, votaram: Belarmino Lins, Alessandra Campêlo, Joana Darc, Abdala Fraxe, Cabo Maciel, Dr. Gomes, Saullo Vianna e Augusto Ferraz.