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‘Urina preta’:médico diz que não há indícios para suspender consumo de peixe

Apesar de 44 casos registrados no Amazonas, especialista não recomenda retirada do principal alimento da mesa dos amazonenses e lembra que este é o terceiro surto no estado

Infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Antonio Magela

O infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Antonio Magela, afirmou não haver indicação para a suspensão do consumo de peixes no Estado do Amazonas, por causa dos casos de rabdomiólise – síndrome associada à ‘doença da urina preta’, em investigação. Até o momento, já foram registrados 44 casos e uma morte pela doença no estado.

São 34 em Itacoatiara, incluindo uma morte, quatro em Silves, dois em Manaus, dois em Parintins e um em Autazes. Os casos de Silves e Parintins foram notificados nesta segunda.

“O Importante é entender que se formos comparar o nível de consumo de peixe com o número de casos, a gente que vê é uma relação mínima, porém, não menos preocupante. Qualquer situação que coloque em risco a saúde das pessoas deve ser avaliada com cuidado, ”, disse o infectologista.

Nesse mesmo sentido, uma coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS / FVS-RCP), Liane Souza, afirma que não há indicação para suspender o consumo.

“Nós não podemos proibir que as pessoas consumam peixes. Uma vez que o peixe é o alimento principal do amazonense”, disse a coordenadora.

Causa – A rabdomiólise pode ser desencadeada por múltiplas causas. Pode ser por um medicamento, por um metal pesado, uma atividade física extenuante, após convulsões ou pela ingesta de toxinas.

“Essa situação específica há uma rabdomiólise com uma história de ingestão prévia de peixes. Ainda trabalhamos no campo das hipóteses. Pode ser uma bactéria, um vírus, ou até mesmo uma toxina”, diz o infectologista, ressaltando que este é terceiro surto da condição no Amazonas.

Sintomas e tratamento

O médico afirma que uma característica comum das pessoas com a condição é que desenvolveram um quadro que iniciou com dores de cabeça e musculares.

“São dores nos grupos musculares que nós temos controle sobre eles, que nós chamamos de musculatura esquelética. A isso se associa fraqueza e dificuldade nos movimentos ”, explica o infectologista.

O tratamento depende da gravidade do caso, pode ser feito em internação hospitalar ou no domicílio do paciente. Qualquer unidade hospitalar do estado pode tratar pacientes com essa condição.

Agravamento – Apesar de poucos casos agravarem, Antonio Magela destaca que há essa possibilidade. “O grande risco é que estamos falando de uma condição que é ocasionada por destruição muscular. Tanto a destruição de musculatura de caixa torácica, abdominal, membros, mas nós podemos falar também em musculatura cardíaca, além da toxicidade para o rim, fazendo com que o paciente possa evoluir para insuficiência renal ”, disse.

Porém, o médico diz que são situações de complicações que têm a maior probabilidade de não ocorrer.

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