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Vacina e resiliência são temas do artigo de Augusto Cecílio

*Augusto Bernardo Cecílio 

 Resiliência, a capacidade do ser humano de se adaptar às condições impostas pela vida, deveria ser a palavra de ordem neste que é o pior momento da história da Era Moderna. Ser resiliente é antes de tudo ser inteligente para  lidar com situações adversas, ter a capacidade de superar obstáculos e aprender com os erros.  

A pandemia de Covid-19, entretanto, tem levado o ser humano a extremos de estupidez e burrice impressionantes (e aqui, pelo linguajar, percebe-se que a paciência já está esgotada).

Tentamos entender os motivos, mas não compreendemos. Atitudes negacionistas têm sido constantes desde o início da pandemia em fevereiro de 2020.

Lá atrás, quando o Mundo tomava conhecimento do suposto surto de um novo vírus mortal, oriundo da China, médicos, cientistas e autoridades políticas fizeram pouco caso da gravidade do problema.  

 Relevaram a importância do uso de máscaras, emitiram alertas contraditórios sobre sintomatologia e modo de agir diante dos primeiros sinais da doença, desinformaram e confundiram a população, houve quebra e definição de novos protocolos sanitários, lockdown, superlotação nas unidades de saúde, estrangulamento nas redes de abastecimento de oxigênio, ausência de respiradores.

Mas o Carnaval aconteceu no Brasil, milhares de turistas vindos do Exterior se esbaldaram nas festas de rua, desfiles na Sapucaí e sambódromos espalhados pelo país.    

O vírus viajou de avião e transformou o Brasil num dos maiores celeiros da doença. Caminhamos em direção ao precipício e ao posto de terceiro colocado no ranking de países com maior número de novos casos diários de infecção.

Contabilizamos  mais de 350 mil mortos, mas esse número pode ser maior dado o risco de subnotificação, por conta da precariedade dos sistemas de saúde em cidades de regiões remotas brasileiras.  

Dito tudo isso, impossível ficarmos alheios às cenas recentes de aglomeração na Praça do Caranguejo, no Conjunto Eldorado e nos flutuantes de Manaus.

Elas são emblemáticas e mostram que continuamos errando. O processo de evolução mundial da doença, as sucessivas ondas de contaminação e mortes, não são suficientes para fazer com que adotemos novos comportamentos.  

Preferimos buscar culpados a reconhecer o problema como sendo  nosso. Festas clandestinas se multiplicam Brasil afora assim como as  aglomerações no transporte coletivo.

Penalizamos a economia, com a quebra no lucro e o fechamento dos comércios, mas insistimos em desprezar o significado de distanciamento social quando da flexibilização das restrições.  

 Assistimos atônitos ao aumento do número de desempregados e de dependentes de auxílios governamentais, em contrapartida à disputa bilionária do mercado de vacinas expondo a desigualdade entre as nações mais ricas e mais pobres e a luta da Ciência para combater as variantes do novo coronavírus que surgem a todo momento.

Não enxergarmos uma luz no fim do túnel. Que bom seria se, além de produzir anticorpos, as vacinas também nos proporcionassem ser pessoas melhores. Resiliência já! 

*Auditor fiscal e professor 

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