
Escutar os filhos o chamando de pai. Este era o sonho de Frank Félix, que se tornou o primeiro paciente adulto a receber o implante coclear na rede pública de Saúde do Amazonas, em março de 2023.
Desde a implementação inédita do procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, 17 implantes já foram realizados.
O diagnóstico de surdez profunda de Frank veio aos três anos de idade. Quando recebeu o implante coclear, o industriário e pai de três filhos não tinha ideia do quanto a vida ia mudar.
Os primeiros sons foram chegando aos poucos, quase tão tímidos quanto o homem de 47 anos. O barulho da chuva, tão comum de ser escutado pela maioria das pessoas, foi motivo de emoção.
O canto dos pássaros também não passou despercebido e acabou se tornando um dos favoritos dele.
Foi pouco depois da ativação do implante coclear que veio a realização do maior sonho de Frank. Enquanto estava deitado no quarto, escutou um som.
Eram as filhas, na sala, o chamando. Não pelo nome, mas sim de pai. O momento foi registrado por vídeo pela filha do meio, Fernanda, e ele garantiu que vai ficar para sempre eternizado na memória dele.
“Antes, só escutava meus filhos chamando de pai por toques ou por Libras. No dia do vídeo, fiquei muito emocionado, porque a Fernanda estava viajando, mas ela chegou mais cedo e fez essa surpresa. Hoje consigo entender melhor quando os meus filhos me chamam. Este ano vai ser um Dia dos Pais diferente para mim. A palavra pai é importante”, disse o beneficiado.
Procedimento cirúrgico
A cirurgia consiste em uma incisão atrás da orelha para acessar a cóclea, porção da orelha interna responsável pela audição.
Por uma pequena abertura, é implantado um feixe de eletrodos junto ao nervo auditivo e fixado um receptor (antena) no crânio do paciente. Como a cóclea não varia de tamanho ao longo da vida, não será preciso trocar a unidade interna.
Os implantes cocleares são indicados para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa à profunda.
A prioridade para a realização de um implante coclear é para pacientes que nascem com perda total de audição, e que tenham até quatro anos de idade para que seja aproveitada a janela de aquisição de linguagem oral, que é desenvolvida neste período da vida.
Nos casos de pacientes com idade adulta, não há uma idade limite para a recomendação do procedimento, desde que sejam avaliados e se encaixem nos padrões previamente analisados por médicos especialistas.