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Valeixo diz que falta de afinidade com Bolsonaro causou demissão

Ex-diretor-geral demitido pelo presidente  prestou depoimento por mais de 6h para inquérito sobre supostas interferências de Bolsonaro na Polícia Federal

Maurício Valeixo prestou depoimento hoje no inquérito que apura supostas interferências indevidas de Jair Bolsonaro

Em depoimento de mais de seis horas, o ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo afirmou nesta segunda-feira aos investigadores que o presidente Jair Bolsonaro gostaria de ter um diretor-geral da corporação com quem tivesse “mais afinidade” e que por isso Bolsonaro teria decidido demiti-lo. O delegado também relatou no depoimento que recebeu, na noite de 23 de abril, um telefonema do próprio Bolsonaro. Valeixo relatou que, na conversa, o presidente comunicou sua exoneração do cargo de diretor-geral da PF.

A interlocutores, Valeixo já havia confirmado que Bolsonaro ligou para ele na véspera de sua saída para comunicar que o tiraria do comando da PF. O delegado também contou a pessoas próximas que, na ocasião, Bolsonaro não lhe ofereceu outras opções. Com a publicação da exoneração de Valeixo no dia 24 de abril, Moro pediu demissão. O primeiro decreto de exoneração de Valeixo tinha o nome de Moro, mas o então ministro negou que tivesse assinado o documento. Com isso, o governo refez o decreto e publicou uma nova versão sem a assinatura de Moro. Em ambos os decretos constou que a exoneração de Valeixo foi “a pedido” dele próprio. Caso a investigação comprove que o decreto de exoneração teve informações fraudadas, os responsáveis podem ser acusados do crime de falsidade ideológica.

Valeixo prestou depoimento a investigadores da PF e da Procuradoria-Geral da República das 10h15 da manhã às 16h30, no inquérito que apura supostas interferências indevidas de Bolsonaro na Polícia Federal, aberto após as declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O ex-diretor-geral foi ouvido na Superintendência da PF em Curitiba, onde está passando férias após sua saída do cargo. O depoimento teve uma pausa para o lanche, por volta das 14h30, e foi retomado em seguida.

Segundo fontes que acompanham o depoimento, Valeixo relatou que o presidente desejava ter um diretor-geral da PF que fosse de sua confiança, por isso a decisão pela exoneração. O inquérito investiga a possível ocorrência de diversos crimes por parte de Bolsonaro (advocacia administrativa, obstrução de Justiça e falsidade ideológica, por exemplo) e por parte de Moro (denunciação caluniosa).

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