Avião C-146A Wolfhound do Comando de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA foi visto em ‘missão misteriosa’
Um avião C-146A Wolfhound, do Comando de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA, foi visto nesta segunda-feira (4), no flightradar24.com decolando de Manaus para o norte, passando pela Guiana e Equissobo – local disputado pela venezuela. O avião acabou pousando em Barbados.
O C-146A Wolfhound é um avião militar de transporte tático operada pela Força Aérea dos Estados Unidos, especificamente pelo Comando de Operações Especiais da Força Aérea (AFSOC).
Baseada no avião Dornier 328, uma aeronave regional turboélice, o C-146A é adaptado para atender às necessidades específicas das operações militares, especialmente para missões de operações especiais.
A presença da aeronave do AFSOC pode ter relação com o aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana por causa da região de Essequibo.
Há ainda outro ponto de tensão com os EUA: Washington planeja instalar bases militares em Essequibo, e, na semana passada, enviou militares do alto escalão do Comando Sul das Forças Armadas à Guiana para debater a segurança do país. Ou seja, o país não estaria sozinho na disputa.
Enquanto a Venezuela é o 6º país que mais investe na área militar no mundo, a Guiana está apenas na 152ª posição, segundo o The World Factbook, da CIA, a agência de inteligência americana. A vantagem se dá em pessoal e em equipamentos.
Entenda o conflito
As tensões pela possibilidade de um conflito na América do Sul cresceram após a Venezuela aprovar, em referendo no domingo (3), a proposta de seu governo para criar um novo estado em Essequibo, a região que engloba 75% do território da Guiana e é disputado pelos dois países.
A área, rica em minérios e pedras preciosas, está sob controle da Guiana desde que o país se tornou independente, em 1966. Antes disso, era dominada pelo Reino Unido, desde meados do século XIX.
Os britânicos apoiavam seu direito ao território com base no fato de que, em 1648, os espanhóis cederam toda a área a leste do Orinoco aos holandeses. Parte dessa terra foi posteriormente passada pela Holanda ao Reino Unido.
A Venezuela, por sua vez, afirma que o território pertence a ela, já que era parte do Império Espanhol, havia a presença de religiosos espanhóis na área e, segundo ela, os holandeses nunca ocuparam a região à oeste do rio Essequibo.
A reivindicação existe mesmo antes de o país se tornar independente, ou seja, quando ainda era parte da Grã-Colômbia.
A região é conhecida na Venezuela como Guiana Essequiba, ou simplesmente, Essequibo, e aparece atualmente nos mapas oficiais do país como “Zona en Reclamación”, ou seja, um território que está sendo reivindicado.
Sob administração guianesa, Essequibo inclui áreas de seis províncias, das quais duas estão integralmente inseridas ali e três têm a maior parte de suas superfícies localizadas na região reivindicada pela Venezuela.
Além disso, Essequibo inclui uma porção importante da costa guianesa, onde há poucos anos foram descobertas enormes reservas de petróleo e que a Guiana já está explorando, em parceria com companhias como a norte-americana ExxonMobil e a chinesa CNOOC.
Possibilidade de atuação brasileira
A presença de militares brasileiros nas duas fronteiras com a Venezuela e com a Guiana foi, inclusive, ampliada, com veículos blindados.
O que explica a movimentação brasileira: para que haja um eventual confronto por terra, seria preciso, necessariamente, que tropas venezuelanas passassem pelo norte de Roraima, que faz fronteira tanto com a Guiana quanto com a Venezuela
Não há, uma orientação do governo brasileiro para o início imediato de uma operação militar na fronteira com a Venezuela, mas um estado de alerta, e uma avaliação de que a diplomacia brasileira terá de aumentar o tom para intermediar a disputa —atualmente, há uma postura de não intervir na questão.
Por si só, o fato de o Brasil estar no caminho já dificulta uma eventual invasão por terra, dada a neutralidade brasileira na disputa e a improbabilidade de Maduro comprar briga com o presidente Lula a respeito do assunto.
Ainda assim, a incursão na Guiana teria que ser por meio de mata densa e fechada, o que inviabiliza o avanço das tropas. Uma opção seria pelo mar.
Já para o professor de política internacional do Ibmec Tanguy Bagdhadhi, o fator da imprevisibilidade —segundo ele, um estilo de governo de Maduro— deixa o cenário incerto.
“Existe o risco (de um confronto), sim. Embora o referendo possa ter sido um elemento eleitoral, a imprevisibilidade de um governante de um líder com o Maduro é um fator importante. Ele é pouco transparente também – não há até agora uma divulgação muito clara do que ele pretende fazer com o resultado do referendo, por exemplo”.
Com: @Borrowed7Time, no X