O venezuelano Luis Domingo Siso, de 60 anos, foi indiciado, nesta segunda-feira (19), pela Polícia Civil do Amazonas pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, incêndio em edifício público e destruição de bens.
Ele foi preso por atear fogo em uma casa lotérica no Centro de Manaus, o que causou a morte de três pessoas no último dia 16 de agosto deste ano.
Os investigadores concluíram que o homem atuou sozinho no ataque criminoso. Eles ouviram o frentista que vendeu 60 litros de gasolina para Luis e o taxista que o levou ao posto de gasolina e depois o deixou na casa lotérica no dia do incêndio.
Ambos afirmaram que em nenhum momento desconfiaram do homem, que não apresentou nervosismo algum.
O ato criminoso resultou na morte de Carlos Henrique da Silva Pontes, de 50 anos; Henison Diego da Silva Mota, 33; e Stefani do Nascimento Lima, 23. Apenas Andrielen Mota de Assis, 35, sobreviveu.
A investigação não aponta o motivo do ataque criminoso, apenas traz os relatos de testemunhas sobre o trajeto feito pelo homem antes de ele atear fogo na casa lotérica.
A polícia indiciou o venezuelano por incêndio em edifício público, dano qualificado com emprego de substância inflamável ou explosiva, homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel.
O ataque
De acordo com o delegado Marcelo Martins de Almeida Silva, do 24º DIP (Distrito Integrado de Polícia) de Manaus, os quatro funcionários da casa lotérica estavam trabalhando quando o homem chegou ao local a bordo de um táxi, descarregou um galão de 60 litros com combustível e ateou fogo na loteria.
Adalberto Soares, de 39 anos, que estava dentro do estabelecimento, disse que viu o “coquetel molotov” – uma espécie de bomba caseira feita com combustível, como gasolina ou álcool – usado pelo venezuelano para causar o incêndio no local.
Segundo ele, o material estava em uma garrafa de vidro, com um pano pegando fogo, no canto da casa lotérica.
O homem disse que ficou sem entender o que estava acontecendo, mas ficou observando a situação. Segundo ele, o idoso arrastou um “enorme galão azul”, aparentemente pesado, para o local, e despejou o líquido do galão dentro do estabelecimento.
Depois, seguiu em direção ao “coquetel molotov” para quebrar o recipiente e causar o incêndio.
Nesse momento, Adalberto afirmou que imediatamente correu e segurou o idoso para tentar contê-lo, mas ele se soltou e conseguiu detonar o “coquetel molotov”, causando incêndio no local.
A testemunha conta que o fogo “subiu em milésimos de segundos”.
Adalberto relata que travou uma luta corporal com o idoso, que foi contido por outras pessoas que estavam no local.
Ao observar que o local já estava sendo consumido pelas chamas, a testemunha disse que pegou dois extintores de incêndio para tentar apagar o fogo e retirar as pessoas de dentro do local, mas os cilindros não foram suficientes. Conforme Adalberto, a situação só foi amenizada depois que o Corpo de Bombeiros chegou ao local.
A investigação aponta que populares perceberam a movimentação e detiveram o homem, mas antes o lincharam.
Quando chegaram ao local, os policiais que atenderam a ocorrência constaram que Luis havia sido encaminhado pelo Samu para o Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na zona leste de Manaus, e que as quatro vítimas haviam sido socorridos pelos populares e levadas para o Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona centro-sul da capital.
Luis Siso prestou depoimento à polícia no dia 8 deste mês, após receber alta do Hospital João Lúcio, onde ficou internado por 23 dias, e ser preso preventivamente.
O venezuelano declarou à polícia que não se recorda de ter ateado fogo em casa lotérica no dia 16 de agosto. Conforme a polícia, ele apresentou “confusão mental” e não soube dizer se tem familiares em Manaus
No documento, a polícia registra que Luis demonstrou dificuldade em se expressar verbalmente por conta de seu estado de saúde.
Ele também não fala português, apenas espanhol, razão pela qual as perguntas foram realizadas pelo delegado em espanhol e respondidas pelo homem na mesma língua. As declarações foram transcritas no relatório em português.