
Após uma reunião que durou cerca de duas horas e meia, os chanceleres do Brasil e da Rússia, Mauro Vieira e Sergei Lavrov, criticaram as sanções econômicas aplicadas contra os russos por nações ocidentais, como as da União Europeia e os Estados Unidos, em meio à guerra entre russos e ucranianos. Segundo Lavrov, os dois países têm visões comuns em relação ao que acontece no Leste Europeu.
— As visões do Brasil e da Rússia são similares em relação aos acontecimentos que ocorrem no mundo e estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, correta, baseando-se no direito e isso nos dá uma visão de mundo multipolar — afirmou Lavrov.
O chanceler russo repetiu o argumento — que chegou a ser usado duas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — de que os países ocidentais querem manter a guerra, com apoio financeiro e político.
— Há uma luta dura e nossos colegas do Ocidente querem manter as posições financeiras e politicas. Isso motivou a situação que temos hoje, inclusive em relação à Otan, à comunidade europeia e à Ucrânia. Estamos agradecidos à parte brasileira pela contribuição para a solução desse conflito que precisamos resolver de forma duradoura e imediata — disse Lavrov.
Sergey Lavrov reafirmou o apoio da Rússia à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Chamou os brasileiros de “parceiros”, enfatizando que as relações bilaterais sempre foram “cordiais, de confiança e amizade”.
— Há uma cooperação construtiva entre nossos países baseada em igualdade, respeito e de não depender de mudanças da conjuntura mundial — disse.
Mauro Vieira reiterou a posição brasileira em defesa do cessar fogo imediato na região e voltou a colocar o governo do Brasil à disposição para mediar, junto a um “grupo de países amigos”, uma solução pacífica para pôr fim ao conflito.
— Renovei a disposição brasileira em contribuir para uma solução pacífica para o conflito e facilitar a formação de um grupo de países amigos, para mediar negociações entre Rússia e Ucrânia — disse o chanceler.
— O Brasil é contra aplicação de sanções unitalterais, pois não foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU — completou Vieira.
Segundo o chanceler brasileiro, a visita de Lavrov também teve por objetivo discutir a agenda bilateral. O russo aproveitou para reforçar a Lula um convite feito pelo presidente Vladimir Putin para visitar Moscou.
—Nossa agenda de hoje cobriu temas bilaterais, internacionais e regionais — afirmou.
Vieira destacou que a Rússia é o 13º maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o intercâmbio foi o maior da história, com US$ 9,8 bilhões. Além disso, completou o chanceler, os russos fornecem um quarto dos fertilizantes consumidos pelo agronegócio e estudam uma maior abertura para proteína animal brasileira.
Já Lavrov disse que será feito um “inventário” de todos os pontos da agenda bilateral. Ele afirmou que a ideia é ampliar áreas de cooperação, como energia atômica para fins pacíficos, exploração do espaço, agricultura, indústria farmacêutica, transportes e logística.
— Vamos fazer um inventário de todas as questões e projetos concretos que exigem nossa atenção maior —declarou.