Equipe internacional integrada pelos pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas conquista podio com tecnologias inovadoras para mapear a biodiversidade amazônica
A equipe MOLRA (Map of Life Rapid Assessments) conquistou o segundo lugar na competição global XPRIZE Rainforest, uma das mais prestigiadas no campo da biodiversidade tropical. A premiação foi realizada em um evento na última sexta-feira (15) no Rio de Janeiro, como parte das atividades prévias à cúpula do G20. A premiação aconteceu às vésperas da visita que o presidente americano Joseph Biden e o cientista brasileiro Carlos Nobre fizeram a Manaus para discutir o futuro da conservação da biodiversidade amazônica.
O Laboratório de Evolução e Genética Animal (LEGAL), vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), desempenhou um papel crucial na conquista. O LEGAL foi co-líder do eixo DNA ambiental (eDNA) da equipe MOLRA, desenvolvendo aplicações portáveis de tecnologias de DNA ambiental para coleta e análise de dados.
A equipe da UFAM foi coordenada pelos professores Dr. Tomas Hrbek e Dra. Izeni Farias, com a participação de bolsistas e ex-alunos, incluindo MSc. Nasrah Hamdan, MSc. Shizuka Hashimoto, MSc. Sarah Ventura, MSc. Ingrid Nunes, Dr. Carlos Faresin e o Dr. Rommel Rojas Zamora, atualmente professor na Universidad Nacional de la Amazonía Peruana. A expertise do grupo foi essencial para a identificação rápida e precisa da biodiversidade local.
Lançado em 2019 e financiado pela Alana Foundation, o XPRIZE Rainforest é uma competição internacional com um prêmio total de US$ 10 milhões – equivalente à R$ 57,4 milhões dividido entre os times ganhadores. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de tecnologias autônomas e inovadoras para mapear a biodiversidade de florestas tropicais, e trazer essas tecnologias para o mercado. A iniciativa visa acelerar a transição para bioeconomias sustentáveis e justas, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Mais de 300 equipes de diferentes países participaram das fases iniciais. Após cinco anos de intensas etapas, incluindo semifinais em Singapura em junho de 2023, seis equipes chegaram à final, realizada em julho de 2024 na comunidade Tumbira, no baixo rio Negro, próximo a Manaus.
O contexto da competição
Os desafios enfrentados pelas equipes finalistas incluíram mapear a biodiversidade de 100 hectares de floresta tropical em apenas 24 horas sem entrar na floresta, utilizando tecnologias inovadoras, como drones para mapear a vegetação, coletar os sons da floresta e DNA ambiental, e sequenciadores portáteis para ler o DNA ambiental. Em seguida, nas 48 horas seguintes, as equipes analisaram os dados usando tecnologias como Inteligencia Artificial e Bioinformática, transformando-os em insights detalhados, destacando o potencial das florestas tropicais para conservação e bioeconomia.
Entre as finalistas, estavam grupos de países como Suíça, Espanha e Estados Unidos, além do Brasil, cada um apresentando soluções variadas para a coleta e análises dos dados da biodiversidade.
A premiação destaca a importância do trabalho colaborativo e interdisciplinar para a conservação da biodiversidade. A conquista do MOLRA não apenas coloca o Brasil em destaque na ciência global, mas também reforça o papel estratégico da Amazônia e da ciência brasileira na busca por soluções sustentáveis.
Para a equipe da UFAM, o reconhecimento no XPRIZE Rainforest é um marco que fortalece o compromisso com a pesquisa científica e a preservação ambiental. “Essa vitória simboliza a capacidade do Brasil ser parceiro igualitário nas iniciativas globais em ciência e tecnologia voltadas para a conservação de nosso patrimônio natural”, afirmou o Dr. Tomas Hrbek.
O futuro agora aponta para a aplicação prática dessas tecnologias no manejo sustentável das florestas tropicais, assegurando que as descobertas científicas gerem benefícios concretos para a humanidade e o meio ambiente.