Hacker repassou informações a jornalistas do The Intercept e influenciaram nas anulações de processos contra o Lula, que atualmente não responde mais ações da Lava-Jato na Justiça

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira, 2, Walter Delgatti Neto, hacker do ex-juiz Sérgio Moro e de ex-integrantes da Operação Lava Jato, entre eles o ex-deputado Deltan Dallagnol. A corporação ainda faz buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli.
Os dois são os principais alvos da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Ao todo, os investigadores cumprem cinco ordens de busca e apreensão – duas em São Paulo e três no Distrito Federal. São apurados supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Segundo a PF, a ofensiva investiga delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF indica que as inserções se deram após a invasão criminosa aos sistemas do CNJ, com o uso de credenciais falsas obtidas ilicitamente.
O inquérito em questão foi aberto perante a Justiça Federal para apurar a invasão ao sistema do CNJ, mas acabou remetido ao STF após “indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro” – no caso, a deputada Carla Zambelli.
Saiba mais
Deltgatti Neto é conhecido por ter vazado conversas do celular do ex-juiz Sérgio Moro (atual senador pelo União Brasil), e de procuradores da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná.
Delgati é investigado desde 2019 pela PF no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão do celular de autoridades por um grupo hacker. Parte do conteúdo foi repassado à época pelo hacker a jornalistas do The Intercept e influenciaram nas anulações de processos contra o presidente Lula, que atualmente não responde mais ações da Lava-Jato na Justiça.
A Polícia Federal chegou ao hacker, na ocasião, por investigação própria. Os jornalistas mantiveram o sigilo da fonte. Moro foi considerado suspeito, ou seja, que não conduziu os processos contra Lula de maneira neutra e teve interesses políticos, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na época, Moro questionou a decisão do Supremo e negou ter sido parcial. “Nunca houve qualquer restrição à defesa de Lula, cuja culpa foi reconhecida por dez juízes”, afirmou o ex-juiz.