
Dados da PNAD Contínua mostram que o Amazonas tem a segunda menor renda mensal por pessoa no país, com R$ 1.238, valor inferior ao salário mínimo e abaixo da média nacional.
A renda média mensal por pessoa no Amazonas é de R$ 1.238, segundo a mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realizada pelo IBGE.
O valor é o segundo mais baixo entre os 26 estados e o Distrito Federal, superando apenas o Maranhão, que aparece com R$ 1.077. A média nacional está estimada em torno de R$ 1.900 mensais.
O dado leva em conta o total de rendimentos do domicílio, incluindo salários, aposentadorias, programas sociais e outras fontes, dividido pelo número de moradores. Trata-se de um dos principais indicadores para aferir o padrão médio de vida e orientar políticas públicas de distribuição de renda.
Região Norte tem seis estados abaixo da média nacional
Na Região Norte, todos os sete estados aparecem com rendas per capita inferiores à média do país. Após o Amazonas, os menores valores foram registrados no Acre (R$ 1.271) e no Pará (R$ 1.344). Roraima (R$ 1.538), Amapá (R$ 1.514), Rondônia (R$ 1.717) e Tocantins (R$ 1.737) completam o levantamento. Nenhum estado da região ultrapassa a marca de R$ 2 mil mensais por pessoa.
O Distrito Federal, embora localizado na Região Centro-Oeste, foi incluído no mapa e registrou o maior rendimento do país: R$ 3.444.
A unidade federativa concentra alta proporção de servidores públicos federais e profissionais com remuneração acima da média, o que distorce os comparativos regionais.
Zona Franca de Manaus não altera o quadro de renda domiciliar
No caso do Amazonas, a presença da Zona Franca de Manaus não tem impacto significativo na renda per capita estadual. A estrutura econômica é concentrada na capital e pouco integrada às demais regiões. A maioria dos municípios do interior apresenta forte dependência de repasses federais, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e programas de transferência de renda.
A informalidade no mercado de trabalho e as dificuldades logísticas decorrentes das grandes distâncias e da baixa integração viária limitam o acesso ao emprego com carteira assinada e reduzem a base tributária dos municípios.
Regiões Sul e Sudeste concentram os maiores valores de renda
Fora o Distrito Federal, os maiores rendimentos foram registrados nos estados das regiões Sul e Sudeste. São Paulo aparece com R$ 2.662, seguido de Rio Grande do Sul (R$ 2.608), Santa Catarina (R$ 2.601), Paraná (R$ 2.482) e Rio de Janeiro (R$ 2.490). Todos os estados do Sul superam os R$ 2.400 mensais por pessoa.
No Sudeste, além de São Paulo e Rio de Janeiro, destacam-se Minas Gerais (R$ 2.001) e Espírito Santo (R$ 2.111). A região concentra os principais centros financeiros, industriais e de serviços do país, com acesso mais amplo à educação formal, empregos no setor terciário e infraestrutura urbana consolidada.
Nordeste tem sete dos dez piores desempenhos
Na outra ponta, o Nordeste aparece com os menores indicadores de renda, ao lado do Norte. Maranhão (R$ 1.077), Piauí (R$ 1.350), Paraíba (R$ 1.401), Alagoas (R$ 1.331), Sergipe (R$ 1.573), Bahia (R$ 1.366) e Ceará (R$ 1.616) estão entre os dez estados com os menores valores.
As médias revelam desigualdades estruturais persistentes no país, com concentração de renda nas regiões mais industrializadas e persistência de baixos rendimentos nas regiões historicamente menos integradas ao centro dinâmico da economia nacional.
A renda per capita domiciliar é utilizada como critério de elegibilidade em programas sociais e em fórmulas de distribuição de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e dos municípios (FPM). Também é referência para definição de prioridades em políticas de habitação, saneamento, educação e saúde.
Para estados como o Amazonas, a persistência de baixos níveis de renda reforça a importância de políticas específicas de desenvolvimento regional, ampliação da infraestrutura logística e integração produtiva entre capital e interior.