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Presença da CUT divide caminhoneiros e esfria greve


Lideranças criticam aproximação de grupo com entidade sindical ligada à esquerda e insistem em negociação com governo federal

Foto: Reprodução

A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros começou a pipocar nas redes sociais e em grupos de WhatsApp na semana passada. Lideranças entre caminhoneiros autônomos dizem que vão parar na próxima segunda (16) , e que greve deve atingir cerca de 70% da categoria.

Porém, com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) à paralisação anunciada divide a categoria e deve impedir que a ameaça de um novo movimento grevista se confirme. Representantes dos motoristas ouvidos  dizem que, em redes sociais e grupos de WhatsApp, a aproximação com a entidade, de esquerda, gera críticas e resistência entre lideranças e motoristas.

“Não tem adesão. Tem movimento político por trás querendo usar a categoria como massa de manobra”, criticou Wallace Landim, conhecido como Chorão. Na esteira do anúncio da paralisação, feito por um dos representantes da categoria, Marconi França, Chorão já tinha pregado “responsabilidade e seriedade” e apontado que “muita gente no movimento [defendido por França] é envolvido com política, envolvido com esquerda“.

Ele próprio gravou um vídeo com representantes de cooperativas, associações e sindicatos da categoria em Santos (SP). Membro do Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Carga (Fórum TRC) e da Associação Brasileira dos Concessionários (Acav), Marcelo dos Santos diz que o grupo “não faz politicagem”.

Entre as reivindicações, a implantação geral do Código Identificador da Operação de Transportes (Ciot), o cálculo piso mínimo do frete – “Foi uma traição do ministro” – e o preço do diesel. “Ninguém aguenta trabalhar com esse valor de combustível.”

Governo


Na segunda-feira (09), o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou avaliar como “pequena” a possibilidade de que a categoria volte a entrar em greve. Ele disse que o governo, especialmente o Ministério da Infraestrutura, está “aberto ao diálogo“, destacando que “o presidente reafirma seu apreço por essa classe”.

A superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas do ministério, Rosimeire de Freitas, reforçou o discurso do porta-voz. Segundo ela, a pasta está em “diálogo permanente”, que sequer depende das reuniões oficiais do Fórum TRC – criado para garantir as negociações entre governo e caminhoneiros. “A todo momento a gente atende, eles têm o telefone celular do ministro, do secretário-executivo, e vivem em contato.”

“O ministro tem pontuado que eles têm uma divergência muito grande entre eles, mas todas as representações formais que são recebidas ou aquelas demandas que são identificadas por nós como importantes são consideradas e implementadas”, declarou ela.

Pontuando que os caminhoneiros apoiaram Bolsonaro na sua eleição, a superintendente também disse que, nos grupos que acompanha, grande parte deles rejeita uma associação com a CUT. “A maioria dos autônomos não aceita. Eles apoiaram o governo e sabem que a gente está fazendo o possível para atender.”

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