Pesquisadores defendem 90% da população em isolamento e vacinação acelerada, do contrário capital do Amazonas terá uma terceira onda da Covid-19

A mesma equipe de cientistas que previu, em artigo publicado em agosto na revista Nature, o segundo colapso na saúde em Manaus por causa da Covid-19, aponta agora para um terceira onda do coronavírus na cidade.
Segundo os pesquisadores, a capital do Amazonas corre o risco de espalhar a crise sanitária para todo o território nacional caso as autoridades não imponham lockdown com pelo menos 90% da população isolada e vacinação em massa mais acelerada do que no resto do País.
“Sem o isolamento social adequado, Manaus deve enfrentar uma terceira onda ainda em 2021. É necessária uma fiscalização forte da polícia para garantir o fechamento de Manaus. Além disso, é impensável a volta às aulas presenciais para qualquer local do Brasil neste momento, justamente para impedirmos o espalhamento da variante que surgiu no Amazonas”, diz um trecho do artigo publicado na Nature.
Na última semana, o governador Wilson Lima (PSC) reeditou as normas de isolamento social no estado e desconsiderou as avaliações dos especialistas. Agora, as novas regras limitaram horários de funcionamento de estabelecimentos comerciais, mas não conseguiram a redução esperada de circulação das pessoas pela capital Manaus, por exemplo.
Em agosto de 2020, uma equipe de cientistas previu o segundo colapso na saúde em Manaus por causa da covid-19, que ocorreu no último janeiro, em um artigo publicado na revista Nature. Eles novamente apontam para uma possível nova onda na região.
Segundo o enfermeiro-epidemiologista da Fiocruz/Amazônia, Jesem Orellana, “a terceira onda da doença era prevista num cenário medieval, não numa cidade com uma das maiores economias do país”.
Brasil – A terceira onda de Manaus poderá se repetir em outras cidades do Brasil, na avaliação do epidemiologista, que credita o descontrole da pandemia à inaptidão técnica dos governos estaduais e federal.
Pesquisadores – Compõem o time de cientistas: Lucas Ferrante, doutorando do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e o primeiro autor do artigo na revista científica; os doutores Philip Fearnside, do INPA; Luiz Henrique Duczmal, professor do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais; Unaí Tupinambás, docente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG; Wilhelm Alexander Steinmetz e Jeremias Leão, da Universidade Federal do Amazonas; Alexandre Celestino Leite Almeida, da Universidade Federal de São João del-Rei; e Ruth Camargo Vassão, pesquisadora aposentada do Instituto Butantan.