por: Com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, o Garantido levou à arena uma apresentação que exaltou a tradição.
O Boi Garantido consagrou-se campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins, nesta segunda-feira, 30/6, alcançando o tão sonhado 33º título de sua trajetória gloriosa.
Após a apuração das notas dadas pelos jurados, o boi da Baixa do São José venceu as três noites do Festival, garantindo o pódio e emocionando a nação encarnada.
Disputa acirrada noite após noite
Na primeira noite, o Garantido superou o rival Caprichoso por dois décimos, com 419,8 pontos contra 419,6. A diferença de dois décimos se repetiu na segunda noite, com nova vitória vermelha: 419,5 a 419,3. Já na terceira e última apresentação, o Garantido firmou sua vitória final consolidando o título do Boi da Baixa pela vantagem acumulada.
O 33º título é mais do que um número: é um símbolo de resistência cultural, de fé e de amor ao boi. É a consagração de um povo que jamais deixou de acreditar no seu vermelho e branco.
Primeira noite: “Somos o povo da floresta”
O Garantido abriu sua participação com o subtema “Somos o povo da floresta”, exaltando a diversidade cultural e étnica da Amazônia em um espetáculo marcado pela emoção, beleza e força ancestral.
David Assayag arrepiou o público ao interpretar “Lamento da Raça”, enquanto a sinhazinha Valentina Coimbra trouxe leveza e graça à arena. O amo do boi, João Paulo Farias, representou com vigor a identidade perreché.
A cunhã-poranga Isabelle Nogueira impressionou ao se transmutar em uma onça-pintada, símbolo de força e resistência da floresta. Já a estreante Lívia Christina, Rainha do Folclore, encantou ao representar a cabocla amazônida em uma coreografia inspirada na cultura popular brasileira.
Um dos momentos mais marcantes da noite foi a encenação da lenda de Tapiraiauara, presente no álbum 2025 do boi. A alegoria emocionou pela potência visual e profundidade simbólica.
Segunda noite: “Garantido, Patrimônio do Povo”
Na noite de sábado (29), o Garantido retornou com o subtema “Garantido, Patrimônio do Povo”. Um espetáculo vibrante e visceral, que celebrou a cultura popular com alegorias grandiosas e performances impactantes.
A Porta-Estandarte Jeveny Mendonça, em sua estreia, brilhou com uma indumentária luxuosa inspirada no maracatu, trazendo a força afro-brasileira ao Festival. Destaque também para a homenagem às tacacazeiras da Baixa, figuras que representam a garra das mulheres amazonenses.
O pajé Adriano Paketá encerrou a apresentação como a mística Tocorime Onça, em um ritual espiritual profundo que buscou restaurar o equilíbrio entre o submundo e o mundo superior, em defesa do povo Madija Kulina. Um final intenso, simbólico e arrebatador.
Terceira noite: “Garantido, o Boi do Brasil” e a emoção da despedida
O boi da Baixa fechou sua participação com o subtema “Garantido, o Boi do Brasil”, exaltando o orgulho nacional e o legado cultural da Amazônia. Foi uma noite de celebração e de despedida.
Após 30 anos de história na arena, o lendário tripa Danildo Piçanã fez sua última evolução como o coração do boi Garantido. A homenagem foi marcada por emoção, com o artista passando oficialmente o bastão ao filho, Denison Piçanã, que assume a missão de representar o item 10 nos próximos festivais.
“Foi uma noite inesquecível. Danildo encerra um ciclo com honra, e Denison começa outro com a bênção da tradição. Um momento que ficará eternizado no Bumbódromo”, destacou um torcedor emocionado.
