
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) atendeu a uma representação do desembargador Marcelo Malucelli e afastou Eduardo Appio, novo juiz da Operação Lava Jato, da 13ª Vara de Curitiba. A decisão da Corte foi feita na segunda-feira (22).
“URGENTE: TRF4 acaba de afastar o juiz militante “LUL22” da Lava Jato. O Tribunal descobriu que a ligação com ameaças feita ao filho do desembargador Marcelo Malucelli foi feita por Appio – conduta absolutamente inacreditável por parte de um juiz federal, capaz de gerar demissão – escreveu o ex-procurador da operação, Deltan Dallagnol pelas redes sociais.
O motivo do afastamento foi uma acusação de ameaça que pode custar a carreira do magistrado que assinava em sistema eletrônico da Justiça Federal como “LUL22“.
Em abril deste ano, o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, filho do desembargador e namorado da filha do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), registrou boletim de ocorrência em que afirma ter recebido uma ameaça.
A ligação foi feita um dia após o desembargador acolher o pedido do MPF contra o doleiro Rodrigo Tacla Duran que teve a prisão revogada pelo novo juiz da 13º Vara. Na decisão, Malucelli entendeu que Eduardo Appio não poderia ter decidido num processo que já havia sido paralisado pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Na cadeira que foi do ex-juiz Sergio Moro, Appio tomou medidas que inquietaram a antiga força-tarefa, como o resgate do capítulo Tacla Duran, ex-operador financeiro da Odebrecht que, de investigado, passou a acusador de Moro e Deltan Dallagnol — deputado cassado que chefiou o grupo de procuradores da operação.
Entrevista na Globo
Mais cedo, antes do afastamento, Appio disse que os R$ 3 bilhões devolvidos aos cofres públicos ao longo da Operação Lava Jato representam uma quantia baixa, se comparados ao faturamento das empresas investigadas.
“Chego à conclusão de que o resultado não foi bom”, afirmou ele, em entrevista à GloboNews. “Os valores recuperados foram, comparativamente ao faturamento das empresas, muito baixos.”
De acordo com Appio, “se pegarmos uma empresa da dimensão da Odebrecht, da Camargo Corrêa ou da Braskem, vamos ver que R$ 3 bilhões é um valor muito baixo para uma empresa que, na época, empregava 230 mil pessoas ao redor do mundo”.