A taxa de mortes causadas por acidentes de trânsito voltou a crescer no país, alcançando 16,2 óbitos a cada grupo de 100 mil habitantes.

Amazonas registrou, em 2023, a 5ª maior taxa de óbitos envolvendo acidentes com motocicletas em relação ao total de óbitos com sinistros no trânsito – com 57,3%.
Foram 440 mortes no trânsito, sendo 252 envolvendo motocicletas. Os números fazem parte do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12), no Rio de Janeiro.
É a primeira vez que o estudo traz dados sobre a violência no trânsito. A taxa de óbitos de acidentes de trânsito por 100 mil habitantes no Estado foi de 10,4, ou 1,9% maior do que no ano anterior.
O Atlas da Violência é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma organização sem fins lucrativos.
O estudo coordenado pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, e pela diretora executiva do FBSP, Samira Bueno, coleta dados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem da população, e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
Dados brasileiros
- Piauí: 69,4%
- Ceará: 59,5%
- Alagoas: 58,4%
- Sergipe: 57,8%
- Amazonas: 57,3%
- Pernambuco: 54,4%
- Maranhão: 52,2%
- As unidades da federação com menores proporção são:
- Rio de Janeiro: 21,4%
- Amapá: 24,1%
- Rio Grande do Sul: 24,5%
- Distrito Federal: 24,5%
- Minas Gerais: 25,9%
- Paraná: 30,7%
De acordo com o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Carvalho, o crescimento do número de mortes no trânsito em acidentes de moto é consequência direta do aumento da frota e uso desses veículos no Brasil.
“A frota de moto vem aumentando muito, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, nos estados mais pobres, já que é um veículo mais acessível, de custo operacional baixo”, disse à Agência Brasil.
Maiores taxas de mortes por acidentes com motos por 100 mil habitantes:
- Piauí: 21
- Tocantins: 16,9
- Mato Grosso: 14,7
- Rondônia: 12,6
- Maranhão: 11,2
- Sergipe: 11,2
Menores taxas de mortes por acidentes com motos por 100 mil habitantes:
- São Paulo: 3,6
- Rio Grande do Sul: 3,7
- Acre: 3,7
- Distrito Federal: 2,4
- Rio de Janeiro: 2,4
- Amapá: 2,3
Passageiros
Carlos Henrique Carvalho adverte que os dados sobre acidentes e mortes causadas por motocicletas devem ser “colocados em debate” no momento em que cidades discutem a regulamentação do serviço de transporte de passageiros por esse veículo.
Em São Paulo, por exemplo, a questão virou batalha na Justiça, com a prefeitura contrária à liberação do serviço.
De acordo com Carvalho, na década de 2000, “cerca de 15% das mortes no trânsito no Brasil eram de usuários de motocicleta. Em 2010, pulou para quase 35%”.
Ele descreve o veículo como inseguro. “Não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há algum tipo de sinistro ou queda, a probabilidade de ocorrer algo grave ou óbito é muito grande”, afirma.
“É bastante questionável para ser considerado no transporte comercial de passageiros”, conclui.