Composto por três integrantes, grupo terá dez dias para concluir os trabalhos.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) criou uma comissão para fazer uma “leitura transversal” das questões que compõem o Banco Nacional de Itens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O objetivo, segundo o Inep, é “verificar a sua pertinência com a realidade social”. O resultado do trabalho não será divulgado.
No ano passado, Bolsonaro criticou uma das questões do exame e disse que tomaria conhecimento antes da prova.
De acordo com o documento, “a leitura transversal é uma etapa técnica de revisão de itens”.
Em nota, o Inep informou que nenhum item será descartado já que o processo de elaboração das questões é “longo e oneroso”. Ainda de acordo com o Inep, as questões consideradas “dissonantes” serão “separadas para posterior adequação, testagem e utilização, se for o caso”.
Comissão
Três pessoas foram destacadas para trabalhar na leitura dos itens:
- Marco Antônio Barroso Faria (secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC);
- Antonio Maurício Castanheira das Neves (diretor de estudos educacionais do Inep);
- Gilberto Callado de Oliveira (procurador de justiça de Santa Cataria, representante da sociedade civil).
Eles terão dez dias, a partir desta quarta, para concluir a avaliação e emitir uma recomendação sobre o uso ou não dos itens na montagem do exame. Depois, o diretor da Avaliação Básica fará outro parecer sobre as considerações da comissão. A decisão final ficará a cargo do presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues.
Segundo a portaria, “todas as atividades serão realizadas em Ambiente Físico Integrado Seguro (AFIS) do Inep”, que fica em Brasília, dentro da sede do Inep. Eles assinarão um termo de confidencialidade e sigilo.
Críticas ao Enem
Em 2018, Jair Bolsonaro criticou uma questão de linguagens do Enem que falava sobre o pajubá, um conjunto de expressões associadas aos gays e travestis e disse que iria “tomar conhecimento da prova antes”.
Como é feita a prova do Enem
O Enem é realizado desde 1998 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), uma autarquia do Ministério da Educação. Em 2009, o Enem se transformou em um exame para ser usado como acesso ao ensino superior.
O exame usa uma metodologia diferente dos vestibulares tradicionais e, por isso, as questões não são todas elaboradas por uma mesma equipe: são retiradas de um banco de itens com milhares de questões já feitas durante vários anos por muitos professores.
Todas as questões precisam exigir pelo menos uma das habilidades que constam na matriz de referência do Enem – trata-se do “currículo” de conteúdos que podem cair na prova.
Cada item representa o conjunto da questão e de todas as informações sobre essa questão, como, por exemplo, a habilidade que ela exige e o nível de dificuldade.
Segundo o Inep, a elaboração de uma única questão do Enem passa por um processo com dez etapas diferentes, que pode levar mais de um ano. Essas etapas incluem:
- A contratação e capacitação de professores para elaborarem as questões
- Pelo menos duas revisões da questão por especialistas
- O “pré-teste” das questões em uma amostra de estudantes com o perfil dos candidatos do Enem
- Uma análise pedagógica para definir se a questão pode finalmente ser incluída no Banco Nacional de Itens (BNI)
Uma vez no BNI, a questão fica à disposição para ser usada em alguma edição do Enem. Na hora da montagem da prova, a pequena equipe de servidores do Inep que faz o trabalho de seleção das questões precisa escolher 45 itens de cada prova objetiva seguindo um equilíbrio entre a pedagogia – já que a prova precisa avaliar uma grande quantidade de conhecimentos – e a estatística – na medida em que o exame também precisa ter um número similar de questões fáceis, médias e difíceis para poder selecionar adequadamente os candidatos.
Todos os anos, uma pequena equipe de servidores do Inep monta três versões das quatro provas objetivas: duas delas são aplicadas todos os anos, na edição regular e no Enem PPL, para pessoas privadas de liberdade. Uma terceira fica como “reserva”, para o caso de algum imprevisto ou emergência.
G1.com