Portal Você Online

Brasil reinjeta 50% da produção de gás por faltar gasoduto

Arquivos Gasoduto Urucu-Coari-Manaus - Amazônia Notícias e Informação

No momento em que o presidente Lula da Silva (PT) promete usar dinheiro brasileiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a construção de gasoduto na Argentina, o Brasil reinjeta 50% da sua produção de gás natural por falta dessa infraestrutura para transportar o produto até o mercado consumidor.

São 65,9 milhões de metros cúbicos por dia que retornaram aos poços, ou o equivalente a metade do volume produzido nos dois primeiros meses do ano passado, o maior valor da série histórica registrado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No mesmo período, a produção nacional de gás aumentou 3,9%, enquanto o volume reinjetado cresceu 13% na comparação com dezembro de 2021.

Advertisement

A reinjeção de gás tem aumentado nos últimos anos, principalmente a partir de 2019, quando saltou 10 pontos percentuais em relação a 2021, de 35% para 45%.

Cerca de 85% do gás natural produzido no Brasil está associado ao petróleo. Ou seja, ambos estão presentes nos reservatórios. Para produzir óleo, as empresas têm que extrair gás natural.

O Brasil possui 9.400 km de rede de gasodutos, uma média de um metro por quilômetro, enquanto os hermanos têm 16.000 km – seis metros por km.

Segundo o sócio-fundador e diretor da CBIE Advisory, Bruno Pascon, nesse caso, as petroleiras têm duas opções: comercializar o gás natural ou reinjetá-lo. Em países com um perfil similar de produção, como Noruega, Nigéria e Argélia, as taxas de reinjeção de gás são mais baixas que a do Brasil. Variam de 20% a 35%.

“Se tem muito gás associado ao petróleo, é natural que o nível de reinjeção seja maior que em uma situação em que o gás não é associado ou em países em que o percentual de gás associado ao petróleo é menor“, disse Pascon.

Faltam gasodutos

Uma das razões para o gás ser reinjetado é que isso aumenta a pressão nos poços, o que facilita a extração de mais petróleo. Mas o principal motivo para o percentual de reinjeção do gás estar acima da média no Brasil é outro: a falta de infraestrutura de escoamento.

“O motivo principal [para a alta reinjeção no país] é realmente o gargalo de infraestrutura, a falta de rotas de escoamento, de unidades de processamento de gás natural, além dos gasodutos de transporte. Toda essa infraestrutura essencial é necessária para levar gás para o mercado“, diz Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado).

O país tem apenas 9.409 quilômetros de gasodutos de transporte e transferência, número muito abaixo dos registrados por Estados Unidos, Europa e mesmo a vizinha Argentina.

Esses dutos levam o gás das unidades de processamento de gás natural (UPGNs), onde é tratado conforme especificações químicas, à rede das distribuidoras estaduais, responsável pelo insumo que chega às residências e indústrias.

Com o site Poder360

Advertisement

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *