O técnico agrícola Fred Fernandes da Silva foi assassinado em junho de 2001 quando voltava de uma visita ao presídio onde o filho cumpria pena.
Depois de 21 anos, o Caso Fred volta a movimentar a Justiça no Amazonas. Dois coronéis e um soldado da Polícia Militar do estado serão julgados, a partir desta segunda-feira (10), acusados do homicídio do técnico agrícola Fred Fernandes da Silva ocorrido em março de 2001.
Os réus são os coronéis Aroldo da Silva Ribeiro e Raimundo Roosevelt da Conceição de Almeida Neves e o soldado Francisco Trindade Saraiva Pinheiro.
Um outro réu, o soldado Erivan Pereira, morreu em um acidente de motocicleta e seu nome foi excluído do processo.
Os três réus também são acusados de tentativa de homicídio contra Maria da Conceição da Silva e Adônis dos Santos da Silva, esposa e filho de Fred Fernandes que sobreviveram ao atentado.
Na época, Adônis tinha apenas 10 anos de idade. Mãe e filho foram alvejados, mas escaparam com vida.
Investigação da Polícia Civil identificou que as balas, de calibre 40, eram de uso exclusivo das polícias Civil e Militar.
Entenda o caso
O “Caso Fred”, como ficou conhecido, começou com o assassinato da universitária Daniele Damasceno em 19 de março de 2001.
Na época ela tinha 20 anos de idade. Fred Júnior, namorado da estudante, confessou o crime e foi condenado à prisão. Ele disse ter degolado Daniele usando um cutelo. O corpo dela foi jogado em um terreno baldio na zona centro-sul de Manaus.
O crime gerou comoção por envolver jovens, sexo e consumo de drogas. No mesmo ano, na tarde do dia 10 de junho, Fred Fernandes da Silva foi assassinado num atentado contra o carro da família após visitar o filho no presídio.
Ele defendia que Fred Junior era inocente e assumiu o crime para livrar os demais envolvimentos, incluindo filho de um policial militar.
O processo judicial incluiu oito crimes, mas foi desmembrado. Em 28 de novembro de 2013, a 2ª Vara do Tribunal do Júri julgou e condenou a 33 anos de prisão o casal Waldemarino Damasceno e Terezinha de Jesus Oliveira Rocha, pais de Daniele, acusados de serem os mandantes do crime.
O casal entrou com uma série de recursos na Justiça contra a prisão, que levou o processo a instâncias superiores como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e depois retornou novamente à Justiça do Amazonas. O casal aguarda julgamento em liberdade.
A sessão de julgamento será presidida pelo juiz Eliezer Fernandes Júnior, no Fórum Henoch Reis, zona sul de Manaus.
Os réus Raimundo Roosevelt e Aroldo Ribeiro serão representados pelo advogado Félix Valois Coelho Junior e Francisco Trindade, pela advogada Ana Esmerilinda Menezes Coelho. O promotor Vivaldo Costa representará o Ministério Público, que defende a condenação dos réus.