Em Manaus, os preços caíram 3,03% em agosto, após recuo de 1,62% em junho. No entanto, o acumulado semestral revela um recuo mais tímido, de apenas 0,43%

A cidade do Rio de Janeiro segue liderando o ranking com o maior custo da cesta básica entre as capitais pesquisadas. Contudo, os preços vêm cedendo há três meses, com uma retração de 1,35% em agosto. No acumulado dos últimos seis meses, a cidade apresentou queda de 2,99%, o que reflete uma desaceleração no ritmo de aumento de preços, apontando para um alívio gradual nos custos de vida na capital fluminense.
Em São Paulo, a cesta básica seguiu a mesma direção, com uma redução de 2,07% em agosto – o quarto mês consecutivo de queda. No acumulado semestral, a diminuição foi ainda mais expressiva, chegando a 4,93%, o que reforça a tendência de retração nos custos de aquisição de itens essenciais na capital paulista.
Em Salvador, após uma leve alta em julho (0,56%), o preço da cesta básica voltou a cair em agosto, com recuo de 1,45%, passando de R$ 858,67 para R$ 846,22. Essa diminuição, embora significativa no curto prazo, não foi suficiente para eliminar o impacto do aumento acumulado no semestre, com avanço de 0,97%. A capital baiana segue, portanto, com uma oscilação de preços, que continua a desafiar a estabilidade dos custos de vida.
Já em Fortaleza, a cesta básica manteve a trajetória de queda, com uma diminuição de 0,90% em agosto, marcando o terceiro mês consecutivo de retração. No entanto, no acumulado dos últimos seis meses, a capital cearense registrou alta de 1,21%, destoando das demais capitais que observaram queda no período. Esse contraste evidencia que, apesar das reduções mensais, a pressão sobre os itens básicos ainda persiste em Fortaleza.
Em Belo Horizonte, a cesta básica recuou 1,30% em agosto, dando sequência às quedas observadas em julho (-0,55%) e junho (-2,24%). No semestre, a retração acumulada foi de 1,24%, revelando uma tendência de queda mais moderada, porém consistente.
Brasília também seguiu o movimento de redução, com recuo de 0,27% em agosto. A capital já havia registrado quedas de 2,45% em julho e 0,76% em junho. No acumulado semestral, o total recuou 2,86%, reforçando a tendência de desaceleração nos preços.
Curitiba apresentou uma das maiores retrações da cesta básica entre as capitais analisadas. Em agosto, o custo recuou 1,19%, acumulando uma queda de 5,05% no semestre. A maior parte desse recuo ocorreu entre junho e agosto, período marcado por reduções consecutivas e expressivas nos preços.
Em Manaus, os preços caíram 3,03% em agosto, após recuo de 1,62% em junho. No entanto, o acumulado semestral revela um recuo mais tímido, de apenas 0,43%, sugerindo que a recente desaceleração ainda não foi suficiente para aliviar de forma consistente o orçamento das famílias na capital amazonense.
Quadro 1 – Preços médios da cesta de consumo básica em agosto/25, por capital.
| Capital | Preço Médio julho/25 (R$) | Preço Médio agosto/25(R$) | Variação% |
| Rio de Janeiro | 958,90 | 945,92 | -1,35% |
| São Paulo | 949,87 | 930,24 | -2,07% |
| Salvador | 858,67 | 846,22 | -1,45% |
| Fortaleza | 852,45 | 844,76 | -0,90% |
| Brasília | 812,53 | 810,34 | -0,27% |
| Curitiba | 746,46 | 737,58 | -1,19% |
| Manaus | 749,47 | 726,76 | -3,03% |
| Belo Horizonte | 686,96 | 678,04 | -1,30% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Quadro 2 – Variação acumulada da cesta de consumo básica em agosto/25, por capital.
| Capital | Mar/25(R$) | Abr/25(R$) | Mai/25(R$) | Jun/25(R$) | Jul/25(R$) | Ago/25(R$) | Variação 6 meses |
| Rio de Janeiro | 975,03 | 973,43 | 986,70 | 969,40 | 958,90 | 945,92 | -2,99% |
| São Paulo | 978,53 | 991,80 | 976,41 | 966,26 | 949,87 | 930,24 | -4,93% |
| Salvador | 838,10 | 854,95 | 860,15 | 853,90 | 858,67 | 846,22 | 0,97% |
| Fortaleza | 834,64 | 852,97 | 874,00 | 866,07 | 852,45 | 844,76 | 1,21% |
| Brasília | 834,16 | 844,01 | 839,33 | 832,94 | 812,53 | 810,34 | -2,86% |
| Curitiba | 776,84 | 768,21 | 794,55 | 767,14 | 746,46 | 737,58 | -5,05% |
| Manaus | 729,93 | 732,90 | 755,28 | 761,81 | 749,47 | 726,76 | -0,43% |
| Belo Horizonte | 686,57 | 689,37 | 706,55 | 690,74 | 686,96 | 678,04 | -1,24% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Aumento de preços
Dos 18 itens que compõem a cesta básica, os que registraram as maiores elevações de preços em agosto foram o fubá e a farinha de milho, com destaque para Belo Horizonte (9,14%), Brasília (3,78%) e Curitiba (2,18%). Completam o grupo de alta os pães, a margarina, o óleo de soja e a manteiga — produtos que, em algumas capitais, apresentaram inflação acumulada acima de dois dígitos no semestre.
Entre março e agosto, destacam-se as seguintes altas:
- Belo Horizonte: fubá (13,24%), margarina (11,45%) e pão (7,10%);
- Brasília: pães (10,58%) e fubá (3,55%);
- Rio de Janeiro: Margarina (10,54%) e fubá (5,22%);
- Curitiba: margarina (4,52%) e óleo de soja (3,46%);
- Fortaleza: margarina (6,17%);
- Manaus: margarina (6,19%);
- Salvador: fubá (3,89%) e margarina (3,67%);
As variações refletem pressões localizadas nos custos de produtos processados e derivados de grãos, como milho e trigo, que têm enfrentado fatores adversos desde o início do ano.
Fatores que pressionam a alta de preços
Em 2025, a alta do dólar, associada à menor oferta global de trigo e a eventos climáticos em países exportadores como a Argentina, impactou diretamente os custos da farinha, refletindo no aumento do pão francês em várias capitais.
No mercado de milho, o baixo estoque inicial do ano, somado às adversidades climáticas nas principais regiões produtoras do país, como Goiás e Mato Grosso, manteve os preços os preços elevados, afetando derivados como o fubá e as farinhas de milho.
Além disso, os altos custos de energia, transporte e embalagens também contribuíram para o encarecimento de diversos produtos processados, como margarinas e óleos vegetais.
A alta nos preços da manteiga e da margarina está relacionada ao encarecimento do leite, pressionado pelas estiagens causadas pelo La Niña, que afetaram a produtividade nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Quadro 3 – Maiores variações de preços da cesta básica em agosto/2025, por capital.
| Capital | Fubá e farinhas de milho | Manteiga | Margarina | Óleo | Pão |
| Belo Horizonte | 9,14% | 0,23% | -2,26% | 0,68% | 2,63% |
| Brasília | 3,78% | 0,29% | 1,88% | 1,73% | 4,09% |
| Curitiba | 2,18% | -0,90% | 0,77% | 2,73% | 1,39% |
| Fortaleza | 0,68% | 0,92% | 0,27% | 1,81% | 0,73% |
| Manaus | -1,19% | -4,37% | -3,48% | -1,61% | 0,02% |
| Rio de Janeiro | 2,60% | 0,71% | 2,38% | 1,66% | -0,29% |
| Salvador | 0,37% | -1,75% | -2,17% | -1,93% | -0,89% |
| São Paulo | -1,68% | -1,89% | -0,53% | -1,52% | 0,25% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Queda de preços
Entre os itens com menores variações em agosto, destacam-se o arroz, o feijão, o grupo dos legumes e os ovos de galinha, que apresentaram redução de preços na maior parte das capitais analisadas. No acumulado dos últimos seis meses, as reduções chegaram à casa dos dois dígitos em algumas cidades:
- Arroz: São Paulo (-13,02%), Brasília (-12,19%) e Manaus (-10,66%);
- Feijão: Curitiba (-12,01%) e Rio de Janeiro (-10,19%).
Entre os legumes, a queda mais acentuada do semestre foi registrada em Curitiba, com recuo de 28,11%, seguida pelo Rio de Janeiro, com -11,18%. Já os ovos, outro item essencial da cesta, também mostraram forte retração, com destaque para Belo Horizonte (-12,10%) e São Paulo (-10,31%).
Quadro 4 – Menores variações de preços da cesta básica em agosto/2025, por capital.
| Capital | Açúcar | Arroz | Feijão | Legumes | Ovos |
| Belo Horizonte | -2,26% | -1,32% | -1,14% | -5,16% | -1,23% |
| Brasília | -1,88% | -3,36% | 0,71% | -3,57% | -4,76% |
| Curitiba | -1,29% | -0,15% | -3,27% | -3,50% | -1,45% |
| Fortaleza | -1,89% | -1,58% | -3,34% | -4,79% | -1,51% |
| Manaus | -2,75% | -3,50% | -1,86% | -7,09% | -2,62% |
| Rio de Janeiro | -0,14% | -0,75% | -2,33% | -9,40% | -1,08% |
| Salvador | -0,89% | -2,07% | -0,43% | -4,55% | -3,25% |
| São Paulo | 0,63% | -2,54% | -2,52% | -2,47% | -4,07% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Cesta ampliada
No que diz respeito à cesta de consumo ampliada, que reúne os 18 itens da cesta básica somados aos 15 produtos de higiene e limpeza, apenas duas capitais registraram alta nos preços em agosto: Brasília e Curitiba. Nas demais capitais, São Paulo se destacou com a maior redução no mês, com queda de 2,11% em agosto — o quarto mês consecutivo de recuo. Também apresentaram reduções: Manaus (-1,27%) e Salvador (-1,06%), reforçando a tendência de desaceleração observada no período.
No acumulado dos últimos seis meses, os comportamentos foram difusos:
- Alta: Salvador (2,15%), Fortaleza (1,23%), Belo Horizonte (0,99%), Manaus (0,92%) e Brasília (0,33%);
- Queda: São Paulo (-5,84%), Curitiba (-3,23%) e Rio de Janeiro (-3,05%).
Esses dados sinalizam que, enquanto algumas capitais ainda enfrentam pressões inflacionárias, outras registram um movimento mais sólido de alívio nos gastos com consumo domiciliar.
Quadro 5 – Preços médios da cesta de consumo ampliada em agosto/25, por capital.
| Capital | Preço Médio (R$) julho/25 | Preço Médio (R$) agosto/25 | Variação% |
| Rio de Janeiro | 2.092,54 | 2.073,31 | -0,92% |
| São Paulo | 2.058,89 | 2.015,38 | -2,11% |
| Brasília | 1.933,93 | 1.945,62 | 0,60% |
| Salvador | 1.945,37 | 1.924,71 | -1,06% |
| Fortaleza | 1.870,45 | 1.867,11 | -0,18% |
| Belo Horizonte | 1.779,06 | 1.767,99 | -0,62% |
| Curitiba | 1.612,62 | 1.619,26 | 0,41% |
| Manaus | 1.602,91 | 1.582,52 | -1,27% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Itens da cesta ampliada com maiores aumentos
Entre os 33 produtos que compõem a cesta ampliada, alguns itens se destacaram pelos aumentos expressivos em agosto:
- O grupo de salgadinhos e snacks apresentou elevações consideráveis em Curitiba (3,60%) e Manaus (3,46%);
- O iogurte teve alta em Fortaleza (3,16%) e São Paulo (3,69%);
- O creme dental também registrou aumento relevante, sobretudo em São Paulo (2,20%), contribuindo para pressionar o grupo de higiene pessoal.
Quadro 6 – Maiores variações de preços da cesta ampliada em agosto/2025, por capital.
| Capital | Água Mineral | Creme Dental | Iogurte | Molho de Tomate | Snacks e Salgadinhos |
| Belo Horizonte | 0,84% | -1,98% | 2,04% | 0,12% | 0,44% |
| Brasília | 1,24% | -0,13% | 0,14% | 1,12% | 2,20% |
| Curitiba | -2,53% | 1,43% | 1,48% | 0,91% | 3,60% |
| Fortaleza | 0,42% | 1,88% | 3,16% | 1,08% | 0,46% |
| Manaus | 0,42% | 0,23% | 1,15% | 1,67% | 3,46% |
| Rio de Janeiro | 2,04% | 0,62% | 0,53% | 1,00% | -0,16% |
| Salvador | -0,68% | 1,29% | -1,51% | -0,79% | 1,83% |
| São Paulo | 0,19% | 2,20% | 3,69% | 0,64% | -0,49% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Itens da cesta ampliada que mais aliviaram o bolso do consumidor
Por outro lado, alguns itens contribuíram para reduzir os custos da cesta ampliada em agosto:
- O azeite de oliva apresentou queda de preços em todas as capitais analisadas, indicando um movimento de recuo generalizado;
- A batata congelada também teve forte retração em Salvador (-3,68%), São Paulo (-3,26%), Manaus (-2,67%) e Curitiba (-2,39%), reforçando a tendência de queda entre os alimentos processados.
Quadro 7 – Menores variações de preços da cesta ampliada em agosto/2025, por capital.
| Capital | Batata Congelada | Creme de Leite | Desodorante | Xampu | Azeite de Oliva |
| Belo Horizonte | -1,72% | -0,42% | -1,30% | -3,08% | -2,07% |
| Brasília | -0,45% | 1,20% | -0,18% | -0,87% | -3,29% |
| Curitiba | -2,39% | 3,73% | 1,04% | -0,43% | -2,94% |
| Fortaleza | 1,09% | 0,8% | -0,2% | 0,6% | -1,26% |
| Manaus | -2,67% | -3,69% | 0,99% | 0,84% | -2,96% |
| Rio de Janeiro | -0,15% | -0,25% | -0,42% | 1,35% | -3,69% |
| Salvador | -3,68% | -2,09% | -2,99% | -1,05% | -2,75% |
| São Paulo | -3,26% | -2,02% | -1,71% | -0,16% | -2,49% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Sobre a Cesta de Consumo NEOGRID & FGV IBRE
A HORUS Inteligência de Mercado, solução do ecossistema Neogrid (https://www.ehorus.com.br/), e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas – FGV IBRE (https://portalibre.fgv.br/) se uniram para lançar a plataforma Cesta de Consumo. O serviço monitora a variação de preço de duas cestas de consumo típicas brasileiras pela análise da leitura mensal de mais de 35 milhões de notas fiscais: a Cesta de Consumo Básica, que conta com 22 alimentos básicos com maior presença nas compras do shopper, e a Cesta de Consumo Ampliada, contendo mais de 50 produtos de consumo, incluindo bebidas e itens de limpeza, higiene e beleza.
A plataforma, que pode ser acessada no link https://cestaconsumo.ehorus.com.br/ monitora a variação e o comportamento dos preços nas oito maiores capitais brasileiras em população – Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, e os produtos e quantidades analisados variam conforme os hábitos de consumo locais.


