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China constrói rodovia e porto no Peru para trazer ‘Rota da Seda’ até Manaus

Porto de Chancay, no Peru, trará vantagens logísticas grandes para a economia da Amazônia.

A Amazônia vai passar nos próximos quatro anos por uma revolução logística que afetará toda a economia dos Estados da região, começando pela inauguração, em dezembro deste ano, do porto de Chancay, no litoral do Pacífico do Peru.

O porto de Chancay faz parte de um conjunto de investimentos do Governo Chinês, batizado de “Rota da Seda”, e reduzirá de 46 dias para 10 o tempo de transporte e cargas entre a China e a América do Sul. Somente em Chancay, a China investiu US$ 3,5 bilhões, desde 2011.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil e o principal fornecedor de insumos para as industrias da Zona Franca de Manaus, que serão beneficiadas por uma redução no custo logístico de transporte dos produtos e assim poderão repassá-los ao consumidor brasileiro, incentivando também o aumento na produção.

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A cidade de Chancay fica próxima da capital peruana, Lima, que será rota de passagem das cargas que chegarão por rodovia até Iquitos, no Peru, fronteira com o Brasil, no Estado do Amazonas. De lá, o caminho será entrar em território brasileiro pela rodovia Transoceânica, um projeto de investimento chinês que vai conectar os dois litorais da América do Sul.

Atualmente, a parte brasileira da Transoceânica é chamada de rodovia do Pacífico e envolve as BR 364 (Limeira-SP – Rio Branco-AC) e a BR- 317, que liga a capital acriana a Cobija, na fronteira do Peru. E da confluência dessas vias que surge a possibilidade das cargas alcançarem Porto Velho e depois Manaus.

Hoje, uma carga que vem da China para Manaus atravessa o oceano Pacífico, cruza o canal do Panamá e, depois de navegar pelo Oceano Atlântico, entra no Brasil pela hidrovia do rio Amazonas, chegando na capital amazonense em até 46 dias.

As exportações de produtos do agronegócio brasileiro também serão beneficiadas por essa nova via logística, principalmente produtores de grãos do Centro-Oeste e até mesmo de Roraima, que transportariam suas produções por Manaus.

Para especialistas em logística com Chancay e a Transoceânica prontos, o Governo Brasileiro terá de, finalmente, encarar o desafio de melhorar a logística na Amazônia, seja por meio da reconstrução do rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho) seja pelo balizamento e dragagem do rio Madeira, ou ambos

Desafios para os governos

Para as duas opções, há grandes desafios ambientais que precisarão e já estão sendo enfrentados pelo Governo Federal.

A dragagem do Madeira, por exemplo, vai demandar neste ano a contratação de equipamentos que não estavam disponíveis no auge da estiagem de 2023, que praticamente fechou pontos da hidrovia, nas proximidades de Itacoatiara.

O licenciamento da obra de reconstrução do trecho do meio da BR-319, por sua vez, é alvo, neste momento, de um grupo de Trabalho criado no Ministério dos Transportes que já se reuniu em Manaus, Porto Velho e encerrará suas atividades em Boa Vista, no próximo dia 16 de fevereiro.

Suframa também trabalha no Plano Logístico

Na segunda quinzena de fevereiro, a Suframa promoverá uma audiência com diversos ministérios e autarquias envolvidas com o setor de logística e transporte, para definir as diretrizes de um plano operacional para toda a Amazônia.

“Esse plano tem que ser para toda a região, porque não foi só o Amazonas que sofreu com a vazante. Todos os Estados da área da Suframa, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá também sofreram com essa seca”, explica o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva.

O superintendente revelou ainda  que está acertando uma data para poder contar com a presença dos ministros do Transporte, Renan Filho, dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, além de autoridades das áreas técnicas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Meio Ambiente e do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit)

Sobre a BR-319, uma obra polêmica por conta das implicações ambientais, Bosco Saraiva adiantou que a conexão com Chancay mostra que ela é uma rodovia necessária e que por isso economistas e administradores da Suframa estão acompanhando os trabalhos do GT do Ministério dos Transportes.

“Não se trata e nem se fala em transferir toda a carga que hoje chega a Manaus para o modal rodoviário, a maior parte ficará no modal hidroviário, mas essa estrada será uma alternativa para cargas mais leves e rápidas que possam chegar ao Polo Industrial de Manaus”, afirmou.

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