Portal Você Online

Concessão da hidrovia do Rio Madeira continua sem estimativas

O plano, que abrange um trecho de 1.075 km entre Porto Velho e a foz do rio no Amazonas é considerado estratégico.

A concessão da hidrovia do Rio Madeira, aprovada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em junho de 2024, permanece estagnada.

Embora o edital do leilão estivesse previsto para dezembro do ano passado, até esta quarta-feira, 8 de janeiro de 2025, o documento não foi oficialmente publicado, evidenciando entraves administrativos e políticos que dificultam o avanço do projeto.

O plano, que abrange um trecho de 1.075 km entre Porto Velho (RO) e a foz do rio no Amazonas, é considerado estratégico para o transporte de cargas no Brasil, um país de dimensões continentais.

A modelagem aprovada pela Antaq inclui serviços essenciais, como dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização, com um investimento inicial de R$ 109 milhões. Apesar do potencial impacto econômico, o processo de concessão enfrenta críticas e desafios técnicos.

Os documentos preliminares divulgados pela Antaq indicam que há lacunas no planejamento. Minutas do edital apresentam espaços em branco para datas e cronogramas, sugerindo falta de definições concretas.

A última menção oficial à hidrovia no Diário Oficial da União (DOU) data de 23 de setembro, quando o governo federal incluiu o projeto no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Desde então, poucos avanços foram registrados.

Para Augusto César Barreto Rocha, especialista em engenharia de transportes e coordenador da Comissão de Logística do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), o atraso pode ser positivo se houver revisões estruturais. “Fizemos vários comentários sobre a forma inicial da concessão. A dragagem do rio Amazonas, por exemplo, não funcionou em 2023 nem em 2024. Em 2025, precisamos de soluções diferentes”, afirmou.

Segundo Rocha, o agronegócio é o principal beneficiário do projeto, já que o Rio Madeira é rota estratégica para o escoamento de grãos do Mato Grosso e Rondônia. Ele destacou que a concessão precisa ser ampliada para atender também à indústria do Amazonas. “Para trazer benefícios reais à indústria, o projeto inicial precisa evoluir. Espero que isso esteja sendo discutido nos comitês internos”, concluiu.


Os atrasos não são exclusivos da concessão. A dragagem dos rios Madeira e Amazonas, prevista para julho de 2024, só teve início em outubro, comprometendo sua eficácia naquele ano. Em novembro, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) intensificou os trabalhos em pontos críticos, como Miriti e Costa São Paulo, removendo cerca de um milhão de metros cúbicos de sedimentos. No entanto, especialistas afirmam que os efeitos só serão percebidos em 2025.

Larissa Holanda, coordenadora de marketing da empresa SuperTerminais, ressaltou, ainda em 2024, a importância de adiantar as operações de dragagem. “A dragagem é uma operação crítica que precisa de água. Se iniciada agora, os benefícios só serão sentidos no ano seguinte”, declarou.


Enquanto o impasse persiste, as comunidades e indústrias que dependem do Rio Madeira seguem enfrentando incertezas. O adiamento da concessão reflete a complexidade de equilibrar interesses regionais e nacionais, além da urgência de soluções estruturais para alavancar a logística e o desenvolvimento da região Amazônica.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *