A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe a criação de uma nova missão internacional para investigar as origens da Covid-19 na China e quer uma auditoria ampla nos laboratórios de Wuhan.
A proposta foi apresentada nesta sexta-feira (16) aos demais governos e sofreu duras críticas por parte da China. As informações são do correspondente internacional do Estadão Jamil Chade, que tem coluna no site UOL.
Segundo o jornalista, há poucos meses, depois de um ano de negociações, uma primeira missão internacional foi enviada para a China. Mas a falta de transparência do governo de Pequim dificultou os trabalhos. A própria OMS indicou que aquela viagem havia sido apenas a primeira e que novos estudos seriam necessários.
Mas a missão foi rapidamente usada pelos chineses para anunciar que a ideia de um acidente em um laboratório estava descartada e que o foco seria apenas na origem animal do vírus.
Pressionada por americanos e europeus, porém, a OMS foi obrigada a mudar o tom e insistir que todas as hipóteses continuam sofre a mesa.
O que a agência sugere agora é que haja uma vistoria no laboratório, alvo de especulação sobre a possibilidade de um acidente. A tese foi amplamente usada pelo então presidente Donald Trump para atacar Pequim, sem qualquer tipo de provas.
Para a OMS, a única forma de superar a polêmica é realizar a inspeção e, assim, chegar a uma conclusão. Na proposta, a agência pede “auditorias a laboratórios e instituições de investigação relevantes que operam na área dos casos humanos iniciais identificados em Dezembro de 2019”.
No projeto apresentado pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreysus, também é solicitado amplo acesso ao mercado de alimentos de Wuhan e uma maior transparência por parte da China.
Durante a reunião, realizada em Genebra nesta sexta-feira, o governo de Pequim deixou claro que é contra o plano. “Esse plano não é base para futuros estudos”, alertou a diplomacia chinesa, que recusa a acusação de que não tenha sido transparente.
Dados que não foram entregues às autoridades internacionais teriam sido censuradas por supostamente envolver “informações pessoais” e que não poderiam deixar a China.
Um dia antes do encontro com os governos, a direção da OMS já havia alertado que pressionaria por uma segunda fase do processo.
“Devemos uma resposta às vítimas e para evitar novas pandemias”, disse Tedros. Um dos obstáculos tem sido o bloqueio aos dados brutos sobre o início da doença, na China.
Se no início do ano Tedros rejeitava a ideia de um acidente em laboratório que teria liberado o vírus, agora seu discurso é diferente. “Trabalhei em laboratórios. Acidentes ocorrem, eu vi e eu fiz erros”, disse.