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Doenças sistêmicas associadas ao tratamento odontológico

Dr. Paulo Mourão

Sinais sugestivos de doença sistêmica podem ser encontrados na boca. O dentista sempre deve atuar de forma multidisciplinar junto ao médico quando há suspeita de distúrbio sistêmico, quando o paciente está tomando certos fármacos (p. ex., varfarina, bifosfonatos) e quando a capacidade do paciente de suportar anestesia geral ou cirurgia oral extensa deve ser avaliada.

Algumas condições médicas podem interferir o tratamento odontológico, tais como:
Doenças hematológicas, pessoas com distúrbios que interferem na coagulação sanguínea (p. ex., hemofilia, leucemia aguda, trombocitopenia) requerem consulta médica antes de serem submetidos aos procedimentos dentais que podem causar sangramentos.
Doenças cardiovasculares,
Após infarto do miocárdio, se possível, deve-se evitar os procedimentos dentais por 6 meses para permitir que o miocárdio comprometido se torne menos lábil eletricamente.

Profilaxia para endocardite bacteriana é necessária antes de procedimentos dentais apenas em pacientes com valvas cardíacas protéticas ou material protético utilizados para o reparo da valva cardíaca, história prévia de endocardite bacteriana,
cardiopatia congênita completamente reparada com material ou dispositivo protético (por 6 meses após o procedimento),Cardiopatia congênita reparada com defeitos residuais no local ou adjacente ao local do reparo ou dispositivo protético, transplante cardíaco, se o receptor tiver valvulopatia.

O coração é mais bem protegido contra bacteremias de baixo grau, que ocorrem em distúrbios dentais crônicos, quando o tratamento dental é realizado (com profilaxia antibiótica) do que quando não é realizado. É importante sempre o diálogo profissional entre o dentista e o cardiologista para melhor tratamento.

Alguns equipamentos dentais elétricos, como eletrocautério cirúrgico, vitalômetro ou cureta ultrassônica, podem interferir em marca-passos mais antigos.

Câncer,a extração de um dente adjacente a um carcinoma de gengiva, palato ou seio maxilar facilita a invasão do alvéolo dentário pelo tumor. Assim, o dente deve ser extraído apenas durante o curso do tratamento definitivo do tumor. Em pacientes com leucemia ou agranulocitose, infecção pode suceder extração, apesar do uso de antibióticos. É importante sempre procurar um dentista antes de iniciar a radioterapia em região de cabeça e pescoço e quimioterapia para um tratamento prévio.
Imunossupressão, pessoas com distúrbios de imunidade são propensas às infecções mucosas ou periodontais graves, por fungos, herpes e outros vírus bactérias. As infecções podem provocar hemorragia, cicatrização deficiente ou sepse. Lesões orais displásicas ou neoplásicas podem se desenvolver após alguns anos de imunossupressão.

Pacientes com aids podem desenvolver sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin, leucoplaquia oral pilosa, candidíase, úlceras aftosas ou forma rapidamente progressiva de doença periodontal, periodontite associada a HIV.

Distúrbios endócrinos, otratamento dental pode ser complicado em algumas doenças endocrinológicas. Por exemplo, pessoas com hipertireoidismo podem desenvolver taquicardia e ansiedade excessiva, e até tireotoxicose se receberem adrenalina. A necessidade de insulina pode estar diminuída durante o tratamento de infecção oral em diabéticos; a dose de insulina pode requerer redução se há limitação do aporta calórico em decorrência de dor pós-cirurgia oral. Em diabéticos, a hiperglicemia, com consequente poliúria pode ocasionar desidratação, resultando em diminuição do fluxo salivar (xerostomia), a qual, juntamente com elevação do açúcar da saliva, contribui para a formação de cárie.

Distúrbios neurológicos,Pacientes com convulsão que requerem aparelhos ou próteses dentais devem fazer uso de aparatos não removíveis, para que não sejam engolidos ou aspirados.

Pacientes incapazes de escovar os dentes ou usar eficazmente fio dental podem utilizar enxagues de clorexidina a 0,12% pela manhã e à noite.
Todos esse cuidados são importantes para que um tratamento odontológico não se torne uma emergência médica e gere complicações severas a saúde.

*Dr. Paulo Mourão
Cirurgião dentista do Sistema Hapvida/ CRO:4896

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