Foram 17 acordos de leniência dessas empresas com devolução, a título de “multa”, de R$ 12,7 bilhões roubados durante os governos do PT
Após a soltura de quase todos os condenados por corrupção, roubo e desvio de dinheiro público na operação Lava-Jato e até a anulação de sentenças, como a que levou Lula a cumprir pena em regime fechado, as empresas corruptoras agora “abriram entendimento” com tribunais superiores para receberem de volta, com juros e correção, os valores roubados que devolveram aos cofres públicos através de acordos de leniência firmados com a Justiça, nos quais confessaram seus crimes.
Advogados que atuaram no âmbito da operação Lava-Jato agora se dedicam a um lobby pela restituição às empresas dos recursos devolvidos aos cofres públicos. As articulações estão sendo feitas junto a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Foram 17 acordos de leniência dessas empresas, com devolução, a título de “multa”, de R$12,7 bilhões roubados durante os governos do PT.
Integrantes do governo do PT devolveram R$ 4,3 bilhões roubados, em acordos de colaboração, mais R$111 milhões em “renúncias voluntárias”.
Na lista de insatisfeitos estão executivos da Odebrecht, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Executivos de empreiteiras, doleiros e políticos dizem reservadamente que, entre os principais motivos para pedir a anulação dos processos nos quais respondem por corrupção e lavagem de dinheiro, estão pesadas multas impostas pela Receita com base em suas confissões.
Paira ainda a sensação entre delatores de que eles são os únicos punidos enquanto réus delatados ficam livres de punição. Esse movimento no Judiciário teve o ponto de partida em 2019, com a anulação da condenação do ex-presidente da Petrobrás Aldemir Bendine, e culminou na soltura de Lula.