Diante do cenário desolador da seca dos rios e da falta de chuvas, que tem deixado 287 mil amazonenses em risco de desabastecimento em 20 municípios do estado, o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou que pode comprar os equipamentos necessários para a proteção ambiental no entorno da rodovia BR-319, exigidos para a repavimentação da rodovia que tira Manaus do isolamento terrestre do país com a ligação com Porto Velho, em Rondônia.
Com os dois estados atingidos diretamente, inclusive com falta de água potável para os ribeirinhos, devido a maior seca registrada pelo Rio Madeira nos últimos 67 anos, Wilson Lima disse não aceitar, o que ele considera uma desculpa para a repavimentação da rodovia.
“O povo do Amazonas não aceita o discurso de que não é possível a gente sair do isolamento e asfaltar ou recuperar a BR-319. Eu estou falando de uma estrada que foi inaugurada em 1976”, disse o governador.
Para ele a estrada precisa de manutenção – o custo atual é de R$ 150 milhões por ano para mantê-la da forma como está, sendo quase R$ 10 bilhões nos últimos 10 anos, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit).
“Se o governo federal disser para o povo do Amazonas que essa é uma rodovia cara, que custa três vezes mais que uma rodovia em outro lugar a gente aceita. Agora dizer que não é possível pavimentar a BR-319 e começar uma narrativa de que a BR-319 vai aumentar o desmatamento ou vai aumentar os crimes ambientais isso é inaceitável. Não dá para o governo brasileiro querer construir uma história de protetor da Amazônia e colocar a população do estado do Amazonas de joelhos”, afirmou Wilson Lima.
O governador afirmou em nome da população do estado que está disposto a atender todas as condicionantes ambientais para sair do isolamento.
“Se é para colocar um chip de um carro que sai do Carreiro e vai até Porto Velho, se é para colocar portal, se é para colocar câmera, se é para colocar balança na BR-319, para não ter carga pesada, tudo isso o governo do estado está disposto a fazer”, assegurou.
Para o governador houve uma série de episódios que justificam a urgência da repavimentação da rodovia, que se mantem ativa e atualmente vive uma limitação de 23 toneladas para as carretas que trafegam transportando cargas que abastecem a capital amazonense e região metropolitana.
Com a seca do Rio Madeira, principal hidrovia que bastece o Amazonas com produtos alimentícios de São Paulo, Centro-Oeste, Sul e Nordeste brasileiro, pode haver desabastecimento de hortifrutigranjeiros, além de carnes e peixes.
“Agora corremos um risco muito grande de desabastecimento no comércio”, alertou o govenador para os estoques das lojas.
Blitz
Noi domingo, integrantes do grupo de WhatsApp da Associação dos Amigos e Protetores da BR-310, que reúne mais de 10 mil associados em Manaus, divulgou vídeos de carretas paradas e sendo retiradas de dentro de balsas, no Porto do Ceasa, no início da BR-319, na zona Sul da capital amazonense – veja vídeos.
Muitos enviaram vídeos indignados com a proibição da circulação das carretas pela estrada numa época em que municípios sofrem com o desabastecimento e estão em estado de emergência.
No final da tarde de ontem (25), o presidente da entidade, André Marsílio, postou um vídeo onde questionava a portaria baixada pelo Denit na última sexta-feira (23), determinando a proibição durante o verão, o que não é muito comum nessa época do ano.
“O Dnit está limitando o peso das carretas até 23 toneladas, um verdadeiro absurdo que nós estamos pedindo para se unir contra a limitação de peso na BR-319 durante o verão. A gente precisa da união de todos para revogar essa portaria”, protesta Marsílio.
Para André Marsílio, é hora de pressionar as autoridades para uma solução imediata que situação exige. “Nós não podemos deixar que isso aconteça e deixar o nosso estado ainda mais isolado sem as perspectivas de como vão chegar produtos perecíveis na nossa cidade como frutas, verduras, carnes e peixes, já que nossos rios estão secos. É hora de pressionar a União e o Denit”, explicou Marsílio, que está elaborando uma carta pedindo a união de todos.